Postos estão sem combustíveis em diversas cidades do Rio Grande do Sul, e Aeroporto Salgado Filho já opera dentro de reserva. Ônibus funcionam com tabela de sábado fora do horário de pico.
o quarto dia de paralisação de caminhoneiros contra o aumento do diesel, a quinta-feira (24) começa com postos de combustíveis fechados em Porto Alegre, e alteração no transporte municipal e da Região Metropolitana. O Aeroporto Salgado Filho funciona dentro dos níveis de reserva, e orienta que os passageiros consultem voos antes de se deslocarem.
Os ônibus funcionam normalmente em horário de pico, até as 8h30, e depois entram no regime de sábado, com viagens de hora em hora. A operação volta ao normal para um dia de semana entre as 17h e 19h30. A mesma medida foi adotada para empresas que fazem a operação intermunicipal.
Durante a noite de quarta-feira (23), filas se formaram em frente a postos que ainda tinham combustível. Conforme a Sulpetro e a Sindipetro Serra, pelo menos 21 municípios já informaram falta de gasolina. São eles: Canguçu, Osório, Pelotas, Uruguaiana, Bagé, Santa Vitória do Palmar, Encantado, Torres, Cachoeira do Sul, Três Coroas, Igrejinha, Erechim, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Vacaria, Gramado, Esteio e Farroupilha.
A Fraport, concessionária responsável pela administração do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, informou que por conta da paralisação opera dentro dos níveis de reserva de combustível, que pode impactar no funcionamento. A orientação é de que os passageiros entrem em contato com as companhias aéreas para confirmar seus voos.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, são diversos os pontos de manifestação, com bloqueio de circulação para caminhões. Carros de passeio, no entanto, são liberados. Até a noite de quarta-feira, eram 64 pontos de protesto em rodovias estaduais e federais do Rio Grande do Sul.
Durante a manhã desta quinta, caminhoneiros estavam concentrados na ERS-122, entre Caxias do Sul e Farroupilha, na Serra, onde liberavam apenas a passagens de veículso de passeio e caminhões com carga viva.
O impacto
Além do desabastecimento de combustíveis, a paralisação dos caminhoneiros afeta diversas outras áreas no estado. O setor alimentício é um dos mais atingidos.
Ainda na quarta-feira, a assessoria das Centrais de Abastecimentos do Rio Grande do Sul (Ceasa-RS) informou que o setor atacadista, que traz produtos de fora do estado, foi bastante afetado. Além disso, compradores não estão conseguindo chegar até a capital gaúcha.
O presidente Ernesto Teixeira afirmou que a partir desta quinta o desabastecimento poderá ser quase total. “Se o problema continuar, será o caos”, avisou.
A cooperativa Aurora Alimentos alertou que paralisaria suas atividades de produção na quinta-feira (24) e na sexta-feira (25), explicando que o transporte de insumos está compromentido com as interrupções nas estradas. Em nota, a Aurora Alimentos salientou que a capacidade de estoque está exaurida.
O frigorífico Alibem, com unidades em Santa Rosa e Santo Ângelo, na Região Noroeste, cancelou os abates. A produção estimada é de 7 mil suínos por dia. Mais de 3 mil funcionários estão parados. A preocupação agora é com a alimentação dos animais que estão nas propriedades rurais que dependem de ração.
No setor automobilístico, a General Motors, montadora de carros da Chevrolet que tem fábrica em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, informou, ainda na terça-feira, que as atividades foram interrompidas.
“A GM informa que o movimento dos caminhoneiros está impactando o fluxo logístico em suas fábricas no Brasil, com reflexo nas exportações. Com a falta de componentes, as linhas de produção começam a ser paralisadas e também estamos enfrentando dificuldades na distribuição de veículos à rede de concessionárias”, diz o comunicado
Até mesmo a coleta de lixo em Porto Alegre pode ser prejudicada. Segundo a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), a BR-290, rodovia que leva até o aterro sanitário de Minas do Leão, está bloqueada. Por isso, os caminhões não estão conseuindo acessar o local.
Com isso, a Estação de Transbordo da Lomba do Pinheiro está cheia. O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informa que, se a paralisação continuar, poderá haver impacto na coleta de lixo da capital.
A Prefeitura de Santa Vitória do Palmar decretou calamidade pública na quarta-feira devido à situação. A decisão do prefeito Wellington Bacelo (MDB) foi anunciada após uma reunião de emergência no gabinete, com os secretários municipais.
Comments Closed