Oferta em baixa, Copa do Mundo e festas de final de ano devem assegurar bons preços aos pecuaristas nas próximas semanas
Ao final de um ano marcado pela inflação e pela perda de poder aquisitivo, que fizeram o consumidor brasileiro trocar a carne bovina por proteínas mais baratas, o mercado do boi gordo aponta boas perspectivas para os pecuaristas. Após meses em declínio, as cotações da arroba de 15 quilos ensaiaram uma reação na semana passada em alguns estados. A reduzida oferta de animais para abate, a Copa do Mundo e as festas de Natal e Ano-Novo devem manter os preços em alta nas próximas semanas, avaliam analistas.
O consultor Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, diz que o mercado já esperava uma retomada das cotações neste último bimestre. “Já começou a acontecer. Tivemos (na sexta-feira, 18) alta em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul”, afirma. Segundo o analista, o aumento de demanda estimulado pelo pagamento do 13º salário e do Auxílio Brasil de R$ 600, além da criação de empregos temporários, favorece o consumo de produtos básicos como a carne bovina. “Não vai recuperar plenamente toda a queda, que aconteceu de uma maneira muito consistente. Vejo o mercado reagindo de uma maneira mais comedida neste final de ano, mas já gera um pouco de alento para o pecuarista”, avalia Iglesias.
O professor Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que a pecuária de corte passa atualmente por uma fase de transição no país. “Ainda não há gado de pasto em volume suficiente, e o gado dos confinamentos terminou no início de novembro. Isso faz com que ocorra uma reação dos preços no Brasil Central e dificulta a entrada de carne e carcaças de outros estados no Rio Grande do Sul”, explica.
Para Barcellos, o cenário de menor oferta para os frigoríficos e confraternizações motivadas pelo fim de ano e pelos jogos no Catar é favorável aos preços do boi. “Já começamos a ver uma estabilidade e uma sinalização de aumento. A entrada da primeira parcela do 13<SC120,176> (no dia 30) vai estimular o consumo. Esperamos que ocorra uma majoração de 3% a 5% até a primeira quinzena de dezembro”, estima.
Iglesias, da Safras & Mercado, observa que a queda de cotações verificada no segundo semestre refletiu, em parte, a renegociação de contratos de exportação de carne bovina com a China, o que pressionou para baixo os preços no mercado interno. A desvalorização da moeda chinesa, o yuan, no período tornou mais caras em dólar as importações do país asiático, principal destino da commodity brasileira. “Isso fez com que os preços médios de exportação, que chegaram a picos de quase 8 mil dólares a tonelada, caíssem para 4,5 mil dólares”, diz o analista.
Fonte: www.correiodopovo.com.br
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