Proximidade de casos de gripe aviária aumenta alerta nas regiões do RS que recebem aves migratórias

Foto: Elaine Pinto / Seapi / Divulgação

A proximidade da chegada do inverno, e consequente migração das aves de países como Chile, Argentina e Uruguai – já com focos de gripe aviária – para o Estado preocupa, uma vez que o Brasil é livre da doença. “A gente tem que estar vigilante a todo o tempo e a intensa migração de aves na região da Lagoa do Peixe faz com que o trabalho em conjunto com as autoridades locais fortaleça nossa rede de informações, desencadeando as ações pertinentes”, explica a fiscal estadual agropecuária Flávia Borges Fortes. De acordo com ela, algumas aves que migram de regiões ao sul para cá durante o inverno – especialmente do grupo dos anseriformes, que incluem marrecos e patos – podem servir de reservatório do vírus.

“A migração nesta região ocorre em dois momentos, pois chegam aves vindas do hemisfério norte em meados de outubro e também recebemos as que vêm do hemisfério sul, buscando fugir do frio intenso, já no mês de maio”, explica a fiscal. A preocupação com a possível chegada do vírus foi o que moveu a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) a iniciar uma ação em conjunto com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) para promover a primeira atividade a partir do conceito de Saúde Única sobre o assunto, na terça (21) e quarta-feira (22) desta semana, nos municípios de Mostardas e Tavares, regiões com sítios de migração de aves no Estado.

Flávia explica que o conceito é aplicado quando não se consegue mais separar a saúde humana, animal e do meio ambiente, que devem ser trabalhados, como no caso desta enfermidade, de forma conjunta. “Essa região aqui de Tavares e Mostardas é muito importante nesse aspecto porque recebe muitas aves migratórias e a gente sabe que os casos de influenza estão aumentando aqui nos países próximos ao Brasil, então a gente vem para cá com a intenção de trazer informações para as pessoas”, diz.

O público-alvo da atividade inicial foram os pescadores que moram e trabalham no Parque Nacional e Lagoa do Peixe e regiões próximas, que receberam orientações sobre como proceder caso detectem comportamento atípico em alguma ave. “São pessoas muito importantes que estão ali todos os dias e conhecem a normalidade da situação”, pontua a fiscal. Assim, a equipe instruiu que os pescadores permanecessem em alerta para qualquer comportamento das aves que esteja fora do padrão e, caso percebam algo estranho, informem à Seapi para que esta investigue e determine se o caso trata-se ou não de influenza aviária.  

Além desta atividade de orientação na terça-feira, a equipe trabalhou, na quarta-feira, junto aos servidores da área de saúde para levar informações sobre como a doença afeta animais e sobre os protocolos de prevenção e atuação caso ela venha a infectar humanos. “É a primeira vez que a gente está fazendo uma ação com esse foco e conseguindo juntar esforços das duas secretarias com esse objetivo. Se der certo e conseguirmos fazer um bom trabalho juntos, a gente tem a ideia de repetir em outras áreas que têm migração de aves aqui no Estado”, afirma Flávia. 

Em um momento posterior, a equipe também pensa em ir além e trabalhar na área da avicultura industrial intensiva. “A gente também se preocupa com essas regiões, pela quantidade de aves que nelas estão, mas o objetivo agora é focar nas áreas de migração, ampliando, por exemplo, para a região do banhado do Taim”, explica a fiscal. “Hoje temos muitas frentes de trabalho em andamento no estado, nossos colegas vêm realizando muitos encontros e palestras voltadas para os avicultores”, complementa. 

O secretário da Agricultura e Pesca do município de Tavares, Malomar do Amaral, levantou a necessidade de falar, também, com associações de agricultores, em especial os rizicultores, por meio do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). “Agora nós temos essas aves, tipo marrecão, marreca, que começam a se direcionar para cá porque elas migram do sul e vem para essa região para se alimentar, por causa dessa cultura do arroz”, lembra Amaral. Os municípios sugeriram que a secretaria entrasse em contato também com os produtores de arroz, uma vez que a cultura é um atrativo às aves, e com os turistas que fazem observação de aves.

Fonte: correiodopovo.com.br