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Prefeito investigado por assédio sexual passa por comissão da Câmara de Vereadores e pode ser cassado

Servidoras que denunciaram o caso apresentaram um relatório à Câmara de Não-Me-Toque. Armando Carlos Roos afirma ser inocente, e que as denúncias são uma ‘armação’.

Vídeo de prefeito de Não-Me-Toque foi gravado por servidora que o acusa de assédio (Foto: Reprodução)

A Câmara de Vereadores de Não-Me-Toque, no Norte do Rio Grande do Sul, deu início a uma comissão processante contra o prefeito da cidade, Armando Carlos Roos (PP), que é investigado por suspeita de assédio sexual. Ao final do processo, Roos pode ter o mandato cassado.

“Pode haver a cassação imediata se o plenário acatar um possível parecer da comissão. Se for contrário ao prefeito municipal, pode gerar essa cassação”, explica o relator da comissão, vereador Alberto Maurer (PDT).

Há mais de um mês, o prefeito já era investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O objetivo era reunir documentos para apresentar ao Ministério Público (MP) ou abrir uma comissão processante para julgar Roos. Na semana passada, servidoras que denunciaram o suposto assédio apresentaram um relatório à Câmara de Vereadores.

“Com essa denúncia, quase que pulou essa etapa da investigação e já trouxe a exposição dos fatos que comprovam os atos da acusação”, afirma o relator.

O prefeito recebeu o prazo de 10 dias para apresentar a própria defesa. Por enquanto, ele trabalha na elaboração dos documentos e, pela primeira vez, decidiu se manifestar sobre as denúncias em coletiva de imprensa.

Sobre o vídeo gravado por uma mulher no seu gabinete, em que ele teria pedido favores sexuais a ela em troca de um cargo público, se diz ser inocente e que as denúncias se tratam de uma armação.

“Não tem veracidade nenhuma. Essa senhora não era funcionária da prefeitura, portanto não há uma conotação de assédio sexual. Nenhuma das denunciantes usadas nesse processo de cassação junto aos vereadores têm nenhuma prova”, afirma o prefeito.

Roos pretende continuar exercendo as funções do cargo durante o prazo de 90 dias que a comissão tem para analisar os documentos e ouvir testemunhas. “Eu quero sair daqui no fim do mandato, seja ele por término de prazo ou cassação, sendo o mesmo cidadão de quando entrei. Por isso, eu não vou atrás de fofoca”.

A investigação que corre na procuradoria de prefeitos, do Ministério Público, ainda não foi concluída. Se o prefeito for cassado, ele perde o foro privilegiado e o processo é remetido à comarca de Não-Me-Toque, para que ele seja investigado como pessoa civil.

Entenda o caso

No começo de abril, a Polícia Civil informou que estava investigando duas denúncias de assédio sexual feitas por servidoras públicas de Não-Me-Toque contra o prefeito. Um vídeo gravado por uma delas mostra Roos conversando com a mulher sobre o cargo que ela ocuparia na prefeitura e a convidando para ir a seu apartamento.

A primeira denúncia foi feita no ano passado. Enquanto realizava a investigação, a polícia recebeu o segundo registro de assédio, neste ano. Conforme o delegado Gerri Adriani Mendes, a autora chegou nervosa à delegacia.

“Ela trouxe vários documentos, que mostravam as tratativas de assédio, incluindo o vídeo que teria sido gravado um ano atrás, quando ocorreu a contratação dela. Neste vídeo, se pode perceber pelos diálogos, que havia algum condicionamento na contratação dela”, explica.

As imagens, gravadas de forma escondida pela servidora, circulou em redes sociais e grupos de conversa. No vídeo, o suspeito negocia um encontro com a mulher, que aconteceria antes que ela começasse a trabalhar em um cargo no município.

“Eu posso deixar a empregada sem vir uma tarde. Daí tu ia no meu apartamento”.

“Tá, vamos ver então”.

“Mas tem que ser semana que vem. Porque na outra tu já começa”.

No fim, o suspeito afirma:

“Eu não quero namorar de graça”.

A autora do vídeo, que tinha cargo em comissão (CC) na prefeitura, foi desligada. A outra é concursada.

Fonte: G1 Rio Grande do Sul

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