Preço do leite em alta garante ampliação de renda, mas exige cautela para investir

Valorização garante ânimo aos produtores que irão participar da Expointer Digital

Foto: Alina Souza/CP Memória

Diferente dos últimos anos, a Expointer ocorre em momento de alta do leite. Segundo o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite), o preço de referência do litro para o mês de setembro ficou em R$ 1,65. Há um ano, o valor estimado era de R$ 1,06 e os produtores reivindicavam compras governamentais. A valorização do produto, decorrente de fatores como a estiagem, que reduziu a captação, e o consumo aquecido, garante ânimo aos produtores que irão participar da Expointer Digital, enquanto dirigentes do setor veem o cenário com cautela. 

Nesta edição da Expointer, o gado de leite vai estar representado por 74 exemplares da raça Holandês. A programação da entidade ocorre de 29 de setembro a 3 de outubro e inclui o concurso leiteiro, que se encerra com o tradicional banho de leite, previsto para o dia 1º de outubro. A disputa consiste em cinco ordenhas, realizadas com intervalo de oito horas entre cada uma. As atividades serão filmadas e transmitidas pelos canais de divulgação da entidade. O presidente da Gadolando, Marcos Tang, que é médico, revelou que estava cético quanto à feira, mas considerou expressivo o número de animais inscritos pelos nove expositores que irão a Esteio. De acordo com ele, o número mínimo para que a exposição fosse ranqueada e homologada pelas associações da raça seria de 50 animais. 

Quanto ao preço do litro, Tang afirma que, antes de realizar investimentos, o produtor precisa se preocupar com a alimentação dos animais. “Nossos insumos também aumentaram, está tudo em dólar”, justifica, citando como exemplo o produto utilizado para higiene das ordenhadeiras. Ele explica que, como a maior parte dos investimentos são financiados, o produtor também estará comprometido a pagar em momentos de baixa no preço. “O consumidor tem que entender que o produtor está no máximo pagando dívidas e não enchendo a guaiaca”, resume. 

Na avaliação do presidente da Fetag/RS, Carlos Joel da Silva, os preços estão “compensatórios”, mesmo com aumento dos custos. Na mesma linha do presidente da Gadolando, ele recomenda que o produtor tenha cautela e só faça investimentos em caso de extrema necessidade. “Não dá para investir num momento de alta, considerando que esse preço deve cair”, observa. O dirigente ressalta que muitos produtores ainda estão com financiamentos a serem pagos, enquanto outros estão se recuperando das perdas que tiveram com a estiagem. 

A vida do produtor Cristian Veiga, 30 anos, se confunde com a Expointer. Ele acompanha a exposição desde os primeiros anos de vida, levado pelo pai, Leonardo, ex-administrador de uma cabanha de gado de leite. Foi durante a edição de 2017 da feira que ele conheceu Kellem Grings, sua namorada. Em 2020, pela primeira vez, o jovem criador irá participar do evento com a sua própria cabanha, a D’Los Veigas, de Eldorado do Sul. 

Mesmo com as restrições provocadas pela pandemia, o produtor decidiu inscrever uma terneira e uma novilha, que irão participar do julgamento morfológico da raça Holandês. “O que nos motiva é a paixão pela raça”, explica. O que ele lamenta é o fato de a exposição não contar com o público urbano. “Gosto que o público veja para ter uma noção do que é tirar o leite, até para haver uma valorização do produtor”, observa. 

Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/