Porquinho encontrado na beira da estrada ganha documento de identidade em Eldorado do Sul

Pingo com o advogado Rogério Rammê e sua identipet: direitos garantidos como qualquer animal doméstico — Foto: Arquivo pessoal

Encontrado ainda filhote por uma família às margens da BR-290, em Charqueadas, no início do ano, o porquinho Pingo de Compaixão teria um destino difícil pela frente: paraplégico e com uma grave infecção, recebeu um diagnóstico negativo no primeiro atendimento veterinário, que recomendou eutanásia. Seus guardiões acreditam que ele possa ter caído de um caminhão.

Hoje, com aproximadamente nove meses de idade, Pingo de Compaixão vive em uma área preparada especialmente para ele, no Santuário Voz Animal, na cidade vizinha de Eldorado do Sul, a cerca de 17 km de Porto Alegre.

Tem uma casinha, areia da praia e gramado, ganhou uma conta no Instagram e até um documento de identidade, a certidão de guarda de animal doméstico. Tudo por iniciativa dos guardiões que acolheram o animalzinho com o objetivo de o transformarem em um símbolo da luta animal.

A certidão, prevista pela Lei de Registro Civil, é um instrumento que garante os direitos de animais domésticos e dá status de guarda, e não propriedade, à relação com as pessoas que os acolheram. É normalmente utilizada para registrar cães e gatos.

Embora a lei não faça distinção, os porcos costumam ser reconhecidos popularmente como animais de produção, criados por humanos com o objetivo de fornecer carne. Mas, para Fernando Antunes, administrador do Santuário, e Rogério Rammê, advogado que encaminhou o registro da certidão, Pingo tinha características suficientes para ter os mesmos direitos dos animais domésticos.

“Ele é muito afetuoso, medroso, buscando proteção o tempo todo”, diz Fernando.

Pingo de Compaixão é o quinto porquinho a residir no local, que recebe centenas de animais de todas as espécies.

O porquinho ganhou tratamento gratuito da segunda clínica que o atendeu, para garantir suas funções vitais mesmo com os órgãos comprometidos devido à fratura.

“Nosso santuário tem como princípio o de que toda vida importa, esse é o nosso lema. A gente não desiste de nenhum animal, de nenhuma espécie, até que todas possibilidades estejam esgotadas”, afirma Fernando.

Fonte: g1.globo.com