Com idosos representando cerca de 19% da população, o Rio Grande do Sul segue registrando avanço no envelhecimento. Em 2021, o contingente de pessoas acima dos 60 anos ficou em 2,1 milhões no Estado. Mesmo com certa estabilidade em relação a 2020, esse total representa aumento de 40% em quase 10 anos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Características Gerais dos Moradores, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (22).
Por outro lado, o levantamento mostra retração no total de moradores com idades abaixo dos 30 anos. Esse grupo da população encolheu 8,9% de 2012 até 2021. Esses dois movimentos do Estado acompanham a média nacional, mas em ritmo ligeiramente maior. Ao comentar os dados nacionais, o analista da pesquisa, Gustavo Fontes afirma que essas transições ocorrem diante de fatores ligados à fecundidade:
— Essa queda é um reflexo da acentuada diminuição da fecundidade que vem ocorrendo no país nas últimas décadas e que já foi mostrada em outras pesquisas do IBGE.
O professor de Demografia e Desenvolvimento Regional do Campus Litoral Norte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Ricardo de Sampaio Dagnino afirma que o Rio Grande do Sul é um dos Estados mais avançados em transição demográfica. Esse fenômeno é marcado por redução na fecundidade aliada ao processo de elevação da expectativa de vida, segundo o professor:
— A expectativa de vida é maior no Estado, a renda é relativamente mais elevada, tem questões ligadas ao acesso à saúde. Esse e outros fatores ajudam a entender a posição do Estado nesse mapa. Porque ele está em destaque.
O professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS Marcelo Portugal afirma que esse cenário com salto na população idosa e recuo em grupo de mais jovens impacta a economia. Portugal afirma que esse fenômeno acaba com o chamado bônus demográfico, movimento onde a população mais jovem e ativa no mercado de trabalho é maior.
— O resultado é que o PIB cresce menos pela simples razão que você incorpora menos gente no mercado de trabalho. Assim como as pessoas, os países têm que ficar ricos antes de ficarem velhos. Infelizmente isso não está ocorrendo com a gente — observa o professor de economia da UFRGS.
Portugal destaca que esse processo também muda a estrutura de consumo e a oferta de serviços públicos, que passam a focar em pessoas com idade mais avançada.
A pesquisa do IBGE também mostra a presença de 4,3 milhões de domicílios no Estado em 2021 contra 3,8 milhões em 2012. Nesse intervalo de tempo, a proporção de unidades domésticas com apenas um morador passou de 14,8% para 18,3% do total. Entre as pessoas que moram sozinhas, os homens eram maioria em 2021 (51,3%), abaixo da média brasileira (56,6%).
Cenário parecido no país
Os resultados do Estado acompanham a média nacional. No país, o número de pessoas abaixo de 30 anos de idade caiu 5,4% entre 2012 e 2021. No mesmo período, o grupo etário composto por pessoas com 60 anos ou mais passou de 22,3 milhões para 31,2 milhões, crescendo 39,8% no período.
O analista da pesquisa explica que as estimativas de sexo e classes de idade para Brasil ainda não incorporam os efeitos da pandemia, como a queda no número de nascimentos e o aumento dos óbitos. Isso ocorre porque o levantamento é alinhado com as projeções populacionais.
— Com os resultados do Censo 2022, esses parâmetros serão atualizados — afirma Gustavo Fontes.
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/
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