Vários casos começam a chegar na Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), que não descarta a existência de perfis falsos criados pelos criminosos
A Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) do Departamento Estadual de Proteção aos Grupos Vulneráveis da Polícia Civil, está recebendo novos relatos de criminosos que criam perfis falsos em aplicativos de relacionamento para dar golpe e assaltar o público LGBTQIA+, após o registro de um caso ocorrido na noite de quinta-feira passada em Porto Alegre. A vítima, um homem de 32 anos, foi espancada e teve cerca de R$ 11,4 mil roubados dentro do seu apartamento, no bairro Azenha.
“Não sabemos ainda se é a mesma dupla, mas acredito que sim”, assegurou a delegada Andrea Mattos na manhã desta segunda-feira à reportagem do Correio do Povo. Ela acredita que o número de casos parece ser muito maior do que se imagina. “Começou a aparecer”, acrescentou.
Os contatos com a DPCI, que fica localizada na avenida Presidente Franklin Roosevelt, 981, no bairro São Geraldo, podem ser feitos também pelo WhatsApp (51) 98595-5034 ou através do telefone (51) 3288-2570.
“Agora é foco total nisso”, resumiu a delegada Andrea Mattos. “Estou começando a investigação como roubo qualificado”, afirmou, lembrando que a questão da homofobia também está sendo considerada pois a vítima foi xingada por sua opção sexual.
“Espero que o pessoal tenha coragem”, frisou, referindo-se à importância do comparecimento de novas vítimas na delegacia ou ao menos o repasse de informações sobre os criminosos. “A gente garante o sigilo mesmo que a pessoa não queira fazer o registro da ocorrência e não queira se expor. Se puderem dar alguma informação, para nós é de grande valia”, enfatizou.
Encontro
Conforme a titular da DPCI, a vítima fez contato com dois homens cadastrados em um aplicativo de relacionamento, sendo marcado então um encontro no seu apartamento na quinta-feira passada. Os indivíduos apareceram no imóvel e, após algum tempo, agrediram brutalmente e imobilizaram a vítima, que foi amarrada e amordaçada. “Ele ficou bem machucado”, constatou. Um dos desconhecidos era mais violento do que o outro.
Em torno de R$ 1 mil em dinheiro e aproximadamente R$ 10,4 mil na conta bancária foram então roubados, além de uma caixa de som. Após a fuga dos criminosos, a vítima conseguiu se soltar e pedir ajuda aos vizinhos.
Entre as diligências da equipe da DPCI estão a busca de imagens de câmeras de monitoramento e a coleta dos depoimentos das vítimas, além de verificação dos perfis dos suspeitos cadastrados nos aplicativos de relacionamento que “parecem ser falsos”.
A delegada Andrea Mattos observou que os dois criminosos que estiveram no apartamento são diferentes dos retratos no aplicativo de relacionamento. “Quero saber como funciona a inscrição, que tipos de dados têm que colocar ali”, adiantou.
A titular da DPCI revelou ainda que, no caso de quinta-feira passada, a suspeita é que os dois assaltantes usaram o transporte de passageiro por aplicativo, pois as imagens obtidas indicam veículos diferentes na chegada e na saída do prédio da vítima. “Tudo indica que sim”, disse a delegada Andrea Mattos.
Alerta
O deputado estadual eleito e atual vereador de Porto Alegre, o policial civil Leonel Radde (PT) postou uma mensagem de alerta nas redes sociais. “Atenção comunidade LGBT de Porto Alegre: uma quadrilha violenta está utilizando o aplicativo Grindr para o cometimento de roubos. As vítimas são amordaçadas e espancadas quase até a morte. Precisamos de mais informações para auxiliar nas investigações”, escreveu.
Foto: Alina Souza / CP
Fonte: www.correiodopovo.com.br
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