Para MP, dentista asfixiou gerente de banco e escondeu corpo em Anta Gorda


Reprodução / Arquivo pessoal

Ministério Público pediu prisão preventiva de Carlos Alberto Patussi, 52 anos, pela morte do gerente do banco Jair Potrich, que desapareceu em 13 de novembro

Mesmo sem a conclusão do inquérito que investiga o desaparecimento do gerente de banco Jacir Potrich, 55 anos, em Anta Gorda, no Vale do Taquari, o Ministério Público (MP) apresentou denúncia na manhã desta quinta-feira (11). O MP também pediu a prisão preventiva do suspeito.

Para a Promotoria, o dentista Carlos Alberto Patussi, 52 anos, estrangulou a vítima dentro do quiosque no condomínio de alto padrão onde os dois residiam. Depois disso, teria escondido o corpo — até hoje não encontrado.

A denúncia foi apresenta pelo promotor André Prediger no final da manhã desta quinta-feira em coletiva à imprensa, na sede do MP em Encantado. Ao lado dele estavam a mulher e o filho de Potrich. A família se mudou do condomínio após o desaparecimento do bancário.  

— As provas que temos são suficientes para denunciá-lo. São provas testemunhais, contradições, quebras de sigilo telefônico e imagens de câmeras de segurança. Acreditamos que o crime não foi premeditado. Eles não conviviam. Onde um estava, o outro não ficava, por conta dessa desavença de anos. Mas naquele dia se encontraram no quiosque e o crime aconteceu lá — disse Prediger.

Sobre a denúncia sem a finalização do inquérito, o promotor afirmou que o caso pedia agilidade.

— A denúncia não depende do inquérito para existir. A Polícia Civil optou por aguardar outras perícias, mas nós entendemos que já temos elementos para a denúncia. Não é habitual, mas não há impedimento para que isso ocorra — declarou.

 Um dos elementos citados na denúncia são imagens de câmeras, coletadas no condomínio, que mostram o dentista caminhando pelo pátio e seguindo em direção à área do quiosque – local onde Potrich desapareceu. As mesmas câmeras flagraram o momento em que Patussi mexe em uma câmera, mudando o foco do equipamento para o alto. Para o promotor, há diferença na forma como o dentista se comporta antes de ir até o quiosque e depois.  

— Inicialmente ele está tranquilo, até brinca com o cachorro. Depois ele retorna diferente, agitado. Por isso acreditamos que não houve premeditação.

 O dentista foi denunciado por homicídio triplamente qualificado, por meio que dificultou a defesa, emprego de asfixia – estrangulamento – e motivo torpe. Para o MP, a motivação do crime é a desavença gerada entre os vizinhos depois que o banco no qual Potrich era gerente ter se mudado de imóvel. O prédio antigo pertencia a Patussi e era alugado.  

 A conclusão sobre o emprego de asfixia, segundo o promotor, baseia-se no fato de que nenhum vestígio de sangue ou material genético da vítima foi encontrado. Isso descartaria, por exemplo, o emprego de arma de fogo ou mesmo de uma faca. Ainda segundo Prediger, nenhuma perícia localizou vestígios, tanto na residência do dentista como no local onde o corpo pode ter sido depositado.  

O promotor relatou ainda que a quebra do sigilo telefônico de Patussi aponta que ele se manteve acordado naquela noite, trocando mensagens e fazendo ligações até por volta da meia-noite. Para Prediger, isso contradiz a versão do dentista de que ele foi dormir cedo. A quebra do sigilo mostra ainda que ele teria circulado com o telefone pelo condomínio.  

— Acreditamos que tenha sido nesse período que ele escondeu o corpo — afirmou.

Para o promotor, após assassinar o vizinho, o dentista teria enterrado o corpo em uma área próxima da casa. Por isso, ele foi denunciado também por ocultação de cadáver.

Prediger acredita que depois do crime, ao longo das buscas por Potrich, como estavam sendo usados cães farejadores, o suspeito tenha retirado o corpo do local ou sumido com ele. Uma das suspeitas é que possa ter sido queimado.  

— Os cães estavam apontando para aquela área. Acreditamos que dias depois ele tenha dado fim ao corpo. As investigações continuam e nós não desistimos de encontrar esse cadáver, se ainda for possível — afirmou.

 O depoimento do suspeito também é apontado pela Promotoria como um indicativo de que ele teria sido o autor do crime:

— Ao ser questionado pelo delegado se havia matado Potrich ele respondeu “não”, mas balançou a cabeça afirmativamente. A linguagem corporal revelava a verdade — afirmou Prediger.

 Além da denúncia, o MP pediu a prisão preventiva do dentista – o pedido será analisado pela Justiça. No fim de janeiro, Patussi chegou a ser detido, mas foi liberado após uma semana por meio de habeas corpus.

Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br