Municípios Gaúchos devem priorizar vocação econômica

MARCO QUINTANA/JC

É importante estimular o empreendedorismo local, diz Paiva

Municípios gaúchos estão deixando de investir em atividades econômicas para as quais têm vocação para dispender energia e recursos em projetos ambiciosos demais, onde provavelmente não terão êxito. O alerta foi feito pelo economista Carlos Águedo Paiva em painel promovido pelo Corecon/RS e pelo BRDE com o objetivo de responder se o desenvolvimento municipal é uma possibilidade ou ficção.Para Paiva, o crescimento das cidades é, sim, algo plausível, desde que as teorias econômicas pensadas para contextos globais ou nacionais sejam adaptadas para o local. Assim como no caso dos países, é preciso contar com uma balança comercial equilibrada – garantindo um mercado consumidor forte internamente e investindo em atividades econômicas capazes de extrapolar a demanda interna.Para isso, é necessário que as gestões municipais assumam o compromisso de encontrar as atividades capazes de serem “exportadas”, não para outros países, mas para além dos limites dos municípios. “É importante estimular o empreendedorismo local, mas não pode ser qualquer um. A política econômica municipal deve focar no empreendedorismo daquelas culturas com demanda elástica e, a partir do seu desenvolvimento, outros empreendimentos surgirão e terão como se tornar sustentáveis”, enfatizou o especialista.Outro ponto importante, mas que só irá funcionar se combinado com uma análise do seu efeito real para as localidades, é a atração de investimentos. “É claro que tem que diversificar e industrializar, mas no lugar onde a diversificação for natural. Nesses casos dá para atrair com pouca necessidade de subsídio. O correto é que o empresário demonstre interesse e a partir daí a gestão municipal sente para conversar”, sustenta Paiva.O chamado “turismo” também é essencial, só que nesse caso ele deve ser intermunicipal e com a instalação de empreendimentos realmente competitivos. Usando o município de Porto Alegre como exemplo, Paiva aplicou alguns dos pontos explicados. A capital gaúcha tem crescido pouco em relação à média do Estado e, segundo Paiva, em grande parte porque não tem refletido sobre aquilo que pode trazer benefícios à sua economia.”Muitas vezes, Porto Alegre coloca em questão projetos bastante ambiciosos, como qual será seu papel na revolução tecnoindustrial. Seria mais pertinente pensar sobre o seu baixo crescimento populacional, em especial sobre a perda crescente de uma população muito particular: a dos aposentados, que estão tomando sua antiga segunda residência do litoral como residência principal”, destacou. A população idosa, já aposentada e ávida por serviços e qualidade de vida, tem atraído atenção cada vez maior pelo mundo afora, mas a Capital faz pouco caso, conforme o pesquisador.Ele afirma que a esta região tem registrado taxas de crescimento muito superiores à média gaúcha graças à migração desses consumidores. “Foram taxas elevadíssimas de 1991 a 2010 que agora começam a cair um pouco porque uma parte está indo para o sul de Santa Catarina e outra para o litoral do Uruguai”, informou Paiva. 

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