Notícias

Milho perde área, mas ganha produtividade

Colheita do cereal na safra 2024/2025, no Estado, deverá superar em pelo menos um milhão de toneladas o obtido no ciclo anterior, de acordo com dados divulgados pela Emater/RS-Ascar

Em agosto, levantamento realizado pela Emater/RS projetava a produção de 5,32 milhões de toneladas de milho, um incremento de 18,35% em relação aos resultados de 4,5 milhões de toneladas de 2023/2024. | Foto: CNA / Wenderson Araujo / Trilux / CP

Mesmo com uma redução de 7,47% na área plantada, segundo dados divulgados pela Emater/RS-Ascar, a colheita de milho na safra 2024/2025 deverá superar em, pelo menos, um milhão de toneladas o obtido no ciclo anterior, quando totalizou 808,91 mil hectares semeados. A abertura oficial da colheita será realizada no próximo dia 23 de janeiro, na propriedade do agricultor Delciomar Busnello, no município de Paulo Bento, no Alto Uruguai.

Em agosto, levantamento realizado pela Emater/RS projetava a produção de 5,32 milhões de toneladas de milho, um incremento de 18,35% em relação aos resultados de 4,5 milhões de toneladas de 2023/2024. Desde então, o clima favorável (até o momento) para a cultura de verão, tem ajudado para a manutenção deste cenário, mesmo com o recuo na área cultivada. Presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS), Ricardo Meneghetti destaca as razões dos agricultores para a retração na semeadura.

“As perspectivas para a cultura do milho no início do ano agrícola eram muito boas. Tínhamos ideia de pelo menos manter a área plantada na safra passada ou aumentá-la. Mas, com as dificuldades que tivemos com a cigarrinha e alguns prejuízos, o produtor resolveu tirar um pouco o pé esse ano e nós estamos com números bem abaixo do que cultivamos na safra anterior”, explica Ricardo Meneghetti.

Segundo ele, há uma previsão de 720 mil até 750 mil hectares de plantio na safra 2024/2025 para milho grão. Já o milho de silagem deve ficar em torno de 350 mil hectares, “o que é o usual em nosso Estado e que tem muita influência do produtor de leite, o que acaba conservando essas áreas”, complementou.

Sobre a redução na área plantada, o presidente da Apromilho-RS pontua que a perspectiva era oposta.

“Isso vai causar impacto para nós produtores, pois tínhamos uma expectativa de vir num crescente. As incertezas em termos de preço e o custo de produção muito alto fizeram com que o produtor recuasse”, enfatizou o presidente da Apromilho-RS.

Em contrapartida, Meneghetti aponta que o clima vem ajudando nesta fase final de cultivo e a produtividade do cereal deverá ser melhor, quando comparada ao ano passado: entre 117 a 120 sacas por hectare ou 7.116 kg por hectare.

“Vamos acabar tendo uma produção final, que se especulava em torno de mais de 6 milhões de toneladas, talvez em 5,5 milhões de toneladas. De qualquer forma, significa um milhão de toneladas a mais do que acabamos conseguindo colher na safra passada”, detalhou Meneghetti.

Avanço na irrigação

O presidente da Apromilho-RS destaca que, há anos, a entidade vem trabalhando junto à Câmara Setorial do Milho e com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Estado (Seapi). Segundo Meneghetti, houve avanço nos programas de irrigação, na acumulação de água e projetos de plantio, principalmente na Metade Sul do Rio Grande do Sul, com o sistema de cultivo sulco-camalhão para melhorar a drenagem do solo.

“Porém, temos muito ainda que avançar, principalmente no que se refere a licenças ambientais, que evoluíram, e também sobre a implantação de seguro renda para os produtores e uma política de preços para garantia daqueles que cultivam o milho”, pontuou Meneghetti.

Conforme Meneghetti, a produção do cereal é de alto risco e custo.

“Tivemos nos últimos três anos problemas graves com o clima, sendo dois anos de seca severa e o último episódio da enchente que foi uma das maiores do Estado, e causou muitos prejuízos à agricultura”, enfatizou o presidente da Apromilho-RS.

Meneghetti lembra que a seca atingiu quase a totalidade do Rio Grande do Sul e que os episódios das enchentes praticamente destruíram o solo de várias regiões com concentração de fazendas de aves e suínos. “Um exemplo são as cidades de Estrela e Lajeado. Ambas são consumidoras relevantes de milho grão e, ao mesmo tempo, grandes produtoras de milho para silagem”, afirma o presidente da Apromilho.

“O solo, infelizmente, nós vamos levar gerações, em alguns casos, para recuperar. Na maior região produtiva do milho do Estado o problema foi a enorme quantidade de chuva que causou erosões prejudicando a produção final”, disse Meneghetti, ressaltando que nada se compara ao que ocorreu com os colegas do Vale do Taquari.

Meneghetti salienta as oportunidades oferecidas pela produção de biocombustíveis.

“O mercado de biocombustíveis, de metanol de milho, realmente viria para garantir ao produtor que ele terá demanda para o seu produto. Isso vai incentivar ainda mais a produção de milho no Estado. Que é o que esperamos”, pondera o presidente da Apromilho.

Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/

About Rádio Cidade

No information is provided by the author.

Comments Closed

Comments are closed. You will not be able to post a comment in this post.