“Intervenção estadual será última instância”, explica Leite sobre novo monitoramento da pandemia

Sistema de 3As dará maior responsabilidade para prefeitos e Estado deve agir somente em casos extremos

| Foto: Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini / Divulgação CP

Após a apresentação do Sistema 3As de monitoramento, o novo modelo de combate ao Covid-19 no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira. Ele reafirmou o compromisso e a maior responsabilidade dos prefeitos em estabelecer normas e restrições para as atividades conforme os níveis da pandemia no Estado. “A intervenção estadual será a última instância”, disse, ao explicar como funcionarão os avisos, os alertas e as ações, novas diretrizes para prefeituras municipais compreenderem como a Covid-19 está avançando ou recuando em cada região.

“Nossa missão é, como eu disse, reforçar a governança. Entendemos que os prefeitos foram eleitos com a pandemia também dentro do debate, eles foram escolhidos pela população com a pandemia no período eleitoral”. No novo modelo do RS – que entra em vigor no domingo – o Grupo de Trabalho (GT) Saúde do Comitê de Dados do governo do Estado ficará responsável por emitir “Avisos” às regiões e alertas ao Gabinete de Crise, que poderá confirmá-los ou não. 

Em situação de “Alerta”, a região tem 48 horas para responder sobre o quadro regional da pandemia e apresentar um plano de “Ação” a ser tomado como, por exemplo, adoção de protocolos mais rígidos, ações de fiscalização, entre outras iniciativas. Elas precisam ser aprovadas por 2/3 das cidades da região. Se o Gabinete de Crise considerar adequada a resposta da região, o Plano de Ação é imediatamente aplicado, e a região segue sendo monitorada pelo Gabinete de Crise e GT Saúde. Se o Gabinete de Crise não considerar adequada a resposta, o governo do Estado poderá estipular ações adicionais a serem seguidas na região. 

“Os avisos e os alertas podem sair a qualquer momento. Formalizamos dessa forma pois entendemos que não era o caso de repetimos o modelo anterior: atrelar a fórmulas matemáticas a alteração das bandeiras. Fizemos isso no passado, pois estávamos diante de uma situação que o Estado estava com atividades fechadas e queríamos abrir de alguma forma, dando confiança a população”, frisou.

Em caso de uma nova “onda” como a que levou o Estado ao colapso hospitalar no mês de março, com filas nos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), o governador reiterou que não estão descartadas ações como as que foram feitas no período, em que o Executivo estadual determinou restrições gerais para todo o território gaúcho. Porém, Leite entende que essa situação será para casos extremos e defendeu que o novo modelo é um equilíbrio entre o fôlego econômico, a adesão da população e prevenções sanitárias.

Leite volta a defender retomada das aulas

Perguntado se alguma região está autorizada a recuar na retomada das aulas mediante a eventuais alertas do Grupo de Trabalho do Comitê de Dados, Leite enfatizou que os locais podem, se assim desejarem, serem mais restritivos que o Estado. No entanto, manteve o posicionamento contrário a uma interrupção nas aulas. “Para mim, esse é um debate saúde contra saúde. As crianças, longes das escolas, tem seu desenvolvimento afetado e isso prejudica seu crescimento e o aprendizado”, pontuou.

Apesar de aulas já terem voltado em diversas regiões do Estado, o tema foi um dos responsáveis pela alteração do modelo de Distanciamento Controlado. Na ocasião, com o Estado na bandeira preta, antigo risco altíssimo para a Covid-19, a justiça entendeu que as instituições de ensino não poderiam funcionar. A partir deste momento, Leite anunciou a mudança no modelo.

Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/