Pessoas obesas ou com diabetes devem sabidamente evitar alimentos ultraprocessados e ricos em gordura. Agora, pesquisadores da Escola de Medicina Keck, da Universidade do Sul da Califórnia (EUA), descobriram que se essas pessoas consumirem apenas 20% das calorias diárias de fast-food, isto já irá elevar “severamente” os níveis de gordura no fígado.
Pessoas acima do peso podem sofrer de doença hepática gordurosa não alcoólica, que é, segundo a SBH (Sociedade Brasileira de Hepatologia), uma condição “na qual ocorre excessivo acúmulo de triglicerídeos no fígado”.
No Brasil, estima-se que duas em cada dez pessoas têm gordura no fígado. “Enquanto uma esteatose isolada é benigna na imensa maioria dos casos, a EHNA [esteato-hepatite não alcoólica] pode evoluir em duas décadas para cirrose em até 20% dos pacientes”, afirma o órgão. Além da cirrose, a cicatrização do fígado provocada pela esteatose é um fator de risco para câncer ou insuficiência hepática.
No estudo, os pesquisadores compararam indivíduos que consumiam menos do que 20% das calorias diárias em alimentos considerados fast-food ou quem não comia. Eles consideraram como fast-food refeições como pizza, pratos vendidos em drive-thru em restaurantes sem garçons.
Do total de indivíduos acompanhados, 52% consumiam algum tipo de fast-food, comidas que representavam mais de um quinto das calorias totais diárias entre 29% dos participantes. Este foi o mesmo percentual que experimentou aumento dos níveis de gordura no fígado.
Adultos devem ingerir entre 1.800 kcal e 2.500 kcal diariamente. Para efeito de comparação, apenas um hambúrguer de uma famosa rede de fast-food tem 503 kcal, o que representa 27,9% e 20,1% da ingestão diária, respectivamente. Se for incluída uma batata frita média (295 kcal), o fast-food responde por 32% de uma dieta diária de 2.500 kcal.
Segundo os autores, entre a população geral, existem “aumentos moderados de gordura no fígado quando um quinto [20%] ou mais de sua dieta é fast-food”.
“O aumento acentuado da gordura no fígado em pessoas com obesidade ou diabetes é especialmente impressionante e provavelmente devido ao fato de que essas condições causam uma maior suscetibilidade ao acúmulo de gordura no fígado”, afirma em comunicado a médica hepatologista da Keck e principal autora do estudo, Ani Kardashian.
A pesquisadora chama atenção para a disseminação das refeições prontas e rápidas nas últimas décadas, algo que tem uma particularidade nos Estados Unidos, mas que também pode ser aplicado ao Brasil.
“Nossas descobertas são particularmente alarmantes, pois o consumo de fast-food aumentou nos últimos 50 anos, independentemente do status socioeconômico.” O estudo foi publicado na revista científica Clinical Gastroenterology and Hepatology.
Fonte: correiodopovo.com.br
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