Incêndios florestais têm aumento exponencial com estiagem no RS

Estiagem agrava problema com incêndios florestais | Foto: Bombeiros / Divulgação CP

Apesar do registro de algumas pancadas de chuva esparsas, a seca permanece no Estado; tanto que mais de 50% dos municípios gaúchos já decretaram situação de emergência e  muitos também estão levando água potável para famílias da zona rural. Outra consequência da estiagem são os incêndios florestais. Conforme o comandante do Corpo de Bombeiros, capitão Lucas Orestes Nunes, o aumento exponencial ocorre normalmente no período de verão, mas é bem maior com a seca. “Com a falta de chuva, o cenário fica propício para a deflagração de incêndio”, explica.

Apenas em janeiro, das 410 ocorrências atendidas na Zona Sul, 313 foram de incêndios florestais. Em dezembro, as queimadas nos campos chegaram a 180. Já em novembro foram 56 e, em outubro, 40. Em julho de 2022, mês mais frio e com maior incidência de chuvas, foram registrados três incêndios florestais na região.

“Ocorrendo a estiagem, a vegetação fica seca e se torna um combustível mais fácil para a deflagração do fogo”, destaca. Ele conta que as causas são desde a ação humana, com o descarte irregular de lixo, de garrafas de vidro e bitucas de cigarro, até  efeitos da natureza, como ocorreu na Reserva Ecológica do Taim, em dezembro, onde um raio atingiu uma vegetação seca e causou um incêndio de grandes proporções, que levou vários dias para ser controlado. “Quando a vegetação está úmida é menor a possibilidade. Muitas vezes até mesmo as velas, que normalmente são utilizadas para as pessoas no exercício de seu direito à religiosidade podem causar incêndio”, observa.

Ele conta que a maior parte dos incêndios florestais ocorre na zona rural. “No 3º Batalhão de Bombeiros Militar temos ao todo 20 cidades e temos uma incidência maior na região do interior, que é onde atualmente atendemos o maior número de sinistros florestais. Há casos em que o vento faz com que a fumaça se desloque, por exemplo, de um  bairro a outro, o que confunde as pessoas que acham que o incêndio é em um lugar e é em outro”, relata. Para ele, a principal dica é que as pessoas não joguem lixo na vegetação. “Não devemos colocar na natureza qualquer material, como vela que possa começar um incêndio, principalmente no verão, pois qualquer fagulha causa grandes queimadas. Uma causa recorrente é as pessoas que queimam vegetação e lixo e o fogo acaba perdendo o controle”, destaca.

Não há quartéis dos bombeiros em todos os municípios, então é necessário que as pessoas tenham consciência de que os bombeiros saem do quartel quando acionados, mas podem demorar a chegar ao local onde há fogo. Pelotas possui um quartel que, além do município, também atende as cidades de Capão do Leão, Arroio do Padre, Canguçu, Morro Redondo, Piratini, Pedro Osório e Cerrito. Piratini, por exemplo, está situada a pouco mais de 100 quilômetros de Pelotas, ou seja, para que os bombeiros saiam do quartel e cheguem até a cidade levam no mínimo uma hora. “Nesta época, a maioria do incêndio é florestal. A questão da estiagem, a temperatura alta e a baixa umidade relativa do ar, além do material combustível propenso à ignição e a vegetação seca  favorecem o começo de uma queimada”, enfatiza o comandante do 3º Batalhão de Bombeiros Militar, com sede em  Rio Grande, tenente-coronel Gerson Rodrigues.

Ele lembra que em fevereiro houve a ocorrência de pancadas de chuva, o que melhora a situação do solo. “O que recomendamos é que quem mora perto de vegetação mantenha o pátio limpo, principalmente ao redor das residências para que o lixo não seja um facilitador. Hoje, com a questão do vento acentuado, o fogo se movimenta rápido e quando se vê está perto das casas. Não é recomendado queimar lixo nem vegetação que podem se transformar em incêndios de grandes proporções”, advertiu.

Fonte:https://www.correiodopovo.com.br