Governo revisa modelo e regiões do RS podem ter medidas de distanciamento mais rígidas

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Ponto de corte de indicadores e ‘travas’ de troca de bandeira foram alterados. Aumento no número de casos e de internações de pacientes com Covid-19 nas últimas semanas motivou mudança.

aumento no número de casos confirmados de coronavírus e, principalmente, de internações nas UTIs de hospitais do estado fez com que o governo alterasse o modelo de distanciamento controlado do Rio Grande do Sul, que podem deixar as medidas mais rígidas para regiões que apresentarem piora nos índices.

O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (11) pelo governador Eduardo Leite durante uma live nas redes sociais e passa a valer já na atualização deste sábado (13).

“O modelo vai ficar mais sensível a alterações. Não comprometeu as etapas anteriores, mas, daqui pra frente, precisa ter outro modelo pra dar mais segurança no atendimento hospitalar para o futuro”, diz Leite.

Atualmente, na quinta semana do modelo, quatro regiões estão com bandeira amarela e as outras 16 estão com bandeira laranja, ambas de medidas mais brandas. Apenas no lançamento do modelo uma região (Lajeado) teve bandeira vermelha, que exige protocolos mais restritivos, mas recuou na semana seguinte.

Nesta quinta, a taxa de ocupação de leitos de UTI no estado se mantinha na média — 70,3%. Porém, o percentual de pacientes com Covid-19 ou com suspeita de alguma síndrome respiratória aguda grave (SRAG) internados já havia subido para 25,6%, o que fez com que a equipe do governo revisse os critérios usados para medir a transição de uma cor para outra.

“A grande intenção é anteceder o colapso do sistema de saúde. Quando estouram os leitos de UTI, a probabilidade de óbito é muito maior”, alerta o diretor do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, Pedro Zuanazzi.

O que muda?

São, basicamente, três alterações na avaliação dos indicadores que determinam as cores de bandeiras das 20 macrorregiões do estado. Veja a seguir:

Ponto de corte de sete indicadores

  • Sete dos 11 indicadores serão mais rigorosos, como velocidade do avanço do coronavírus na região, incidência de novos casos e capacidade de atendimento hospitalar

Indicadores de óbitos, casos ativos x recuperados, leitos de UTI livres no estado e leitos de UTI livres na região

  • O cálculo deixa de utilizar o número de óbitos ocorridos na semana de referência e passa a utilizar projeções para os próximos 14 dias, com base na variação de pacientes confirmados para Covid-19 em leitos de UTI e no número de óbitos acumulados na semana de referência.;
  • O indicador de Estágio da Evolução passa a considerar todos os casos ativos na semana de referência em relação aos recuperados nos 50 dias anteriores ao início da semana. Ao considerar um período maior de tempo, amenizam-se os efeitos da defasagem entre a data do início dos sintomas e a inclusão dos casos confirmados;
  • A capacidade de atendimento passa a ser avaliada com base na razão entre a quantidade de leitos de UTI livres e o número de leitos de UTI ocupados por pacientes confirmados para Covid-19. A proposta vale para os indicadores que avaliam a capacidade do Estado e das macrorregiões, que antes levava em consideração o número de leitos de UTI livres para Covid-19 para cada 100 mil idosos.

Gatilhos de segurança

  • Para “voltar” uma bandeira será preciso ter três hospitalizações por Covid-19, e não mais cinco, nos últimos 14 dias, além de aumentar para duas semanas, e não mais uma, o período de estabilidade na classificação para deixar de ser classificado como bandeira vermelha ou preta

Ao todo, são 11 indicadores que definem a classificação. Ou seja, mesmo que quatro deem uma classificação mais grave a uma região, índices positivos nos demais itens do cálculo podem manter as bandeiras mais brandas.

No entanto, esses ajustes tornam mais “fáceis” as mudanças de uma bandeira mais clara para outra mais escura, ao mesmo tempo que mantém por mais tempo classificações mais graves em regiões que ainda não tenham controlado a disseminação do coronavírus.

Segundo o governador Eduardo Leite, a mudança em outro indicador ainda está sendo estudada: a transição direta para bandeiras mais escuras em caso de descontrole na disseminação do coronavírus. Contudo, este “pulo” de bandeiras ainda não será posto em prática nesta semana.

“Essa é uma discussão que segue no nosso conselho e que vamos analisar. Se observarmos que se encaminha para um esgotamento, agiremos antes”, assegura.

O Rio Grande do Sul tem, até a tarde desta quinta, mais de 14,1 mil casos de coronavírus confirmados e 323 mortes por Covid-19.

Novos respiradores

Na próxima semana, o governo deve receber do Ministério da Saúde mais 130 respiradores para incrementar a infraestrutura de tratamento intensivo. São 80 unidades beira leito, a serem instaladas em UTIs, e 50 de transporte.

“Não são menos importantes, mas têm características técnicas diferentes, para garantir a assistência até que o paciente seja realocado pra UTI”, explica a diretora do Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial, Lisiane Fagundes.

Desde o início da pandemia, o estado conseguiu consertar 85 respiradores que estavam inutilizados com a ajuda de empresas privadas e entidades da sociedade civil. Segundo o governador, foram identificados 254 com problemas, cujo custo médio é de R$ 4,7 mil cada.

Do total de ventiladores pulmonares disponíveis no estado, no momento, 36% estão em uso.

Fonte: https://g1.globo.com/rs