Fiscalização sanitária do Rio Grande do Sul está preparada para detecção precoce de gripe aviária

Foto: Fernando Dias/ Seapi/ Divulgação/CP

O Rio Grande do Sul está pronto para agir caso se verifique no Estado algum caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1). O serviço de fiscalização sanitária mantido pela Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) foi incrementado desde o início do ano com procedimentos que possibilitam às equipes de fiscais detectar e conter o avanço da doença num raio de três quilômetros do local de registro de uma eventual ocorrência. Nesta quarta-feira, em entrevista coletiva da qual participaram o secretário da Agricultura, Giovani Feltes; a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da secretaria, Rosane Collares, e o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, a Seapi atualizou os números da fiscalização destinada a garantir que a influenza aviária não chegue às granjas avícolas comerciais gaúchas.

“Não temos como impedir que um animal infectado com a doença entre no Estado”, reconhece Rosane, explicando que a doença tem como portadores principalmente as aves migratórias de espécies silvestres. “Nosso esforço é pela detecção precoce e ação rápida que impeça o avanço do vírus”, acentua. Até a terça-feira, 16 de maio, as equipes da Seapi envolvidas na vigilância ostensivas das regiões consideradas de risco da influenza (fronteiras com Uruguai e Argentina e áreas litorâneas) computaram 2.167 ações de vigilância ativa, com o total de 1,72 milhão de aves observadas, cinco casos com suspeita fundamentada e nenhum caso da doença confirmado. “Aumentamos a vigilância quando surgiram os primeiros casos na Argentina e no Uruguai, que são fronteiras com o Estado, e os primeiros casos no Brasil acabaram se registrando no estado do Espírito Santo, distante daqui”, comenta ela. Rosane Collares esclarece que, até o momento, o registro da doença em aves silvestres encontradas no Espírito Santo não afeta o status sanitário do Brasil como país livre da H5N1 e ressalta que a perda do status só acontecerá quando alguma ave de criação comercial for diagnosticada. “Neste caso, o país todo perde o status, não importa em que estado se detecte”, diz.

Em fevereiro, durante o Show Rural Coopavel, em Cascavel, no Paraná,lideranças do setor no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná (estados que detêm 70% da produção avícola do Brasil) chegaram a sugerir a criação de um “cinturão sanitário” na região, como forma de evitar prejuízos econômicos às empresas, grandes exportadoras de carne de frango para o mundo. A ideia não vingou, segundo Rosane, em razão da necessidade que os serviços de fiscalização têm de seguir as orientações do Código Sanitário de Animais Terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). “É provável, porém, que o código, concebidos em tempos de paz nesta questão da influenza,  seja revisto, já que se trata de uma pandemia e também porque não faz sentido que num país com as proporções do Brasil a região produtora seja penalizada por algum caso lá no outro lado do território”, observa.

O presidente da Asgav, José Eduardo dos Santos, garante que até o momento o setor de produção de aves no Rio Grande do Sul não faz previsões de impacto econômico num cenário de ocorrência da doença na avicultura comercial. Santos destaca, entretanto, que o segmento se sente seguro com as ações promovidas pela Seapi, que foi a primeira do país a recomendar inclusive o confinamento de aves criadas nos sistemas de criação de aves sem gaiola. “Nos sentimos tranquilos”, salienta.

De acordo com levantamento da secretaria, a Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) está presente em 17 países das Américas: Canadá, Estados Unidos, México, Costa Rica, Panamá, Guatemala, Honduras,Cuba, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Uruguai, Argentina e Brasil.

Fonte: correiodopovo.com.br