Estado tem mais de 207 mil propriedades atingidas por efeitos da estiagem

Levantamento da Emater mostra avanço acelerado na abrangência dos prejuízos; só na produção de grãos são cerca de 115 mil agricultores atingidos

Em algumas regiões do Estado, essa será a terceira safra de milho com perdas, ampliando déficit entre consumo e produçãoLauro Alves / Agencia RBS

Os números por si só impressionam: mais de 207 mil propriedades foram afetadas pela estiagem no Rio Grande do Sul, conforme dado apresentado nesta sexta-feira (14)  pela Emater. Mas o maior alerta vem do ritmo galopante com que os impactos se espalham pelo território gaúcho. Há apenas 15 dias, eram  138,8 mil estabelecimentos contabilizando perdas pela falta de chuva,  que representa um aumento de 49% nesse período.

— O que preocupa é a velocidade da ampliação dos prejuízos e dos efeitos. Os pedidos de Proagro (seguro para intempéries) vêm aumentando geometricamente, um indicativo de que as perdas estão se ampliando para todas as regiões — afirma Alencar Rugeri, diretor-técnico da Emater.

Até 22 de dezembro, as solicitações encaminhadas à instituição, uma das que fazem os laudos, somavam 2.853.No último dia 10, alcançavam mais do que o dobro: 5.333 solicitações. O milho é a cultura em que mais produtores registram perdas. São 90.167 agricultores. Em metade das 12 regionais da Emater, a redução da produção em relação ao início do ciclo chega a 60%.

— O grosso da perda está sendo onde normalmente se tinha condição de produtividade maior. Desde o final de outubro quase não chove nesses locais — acrescenta Rugeri, em referência à área na região entre Tio Hugo e Ibirubá, no norte do Estado. 

Outra consequência de grande proporção se dá na pecuária de leite, atividade com grande participação de produtores familiares. Já são 23,5 mil afetados, não só pela redução em  volume (cerca de 60%), mas também em qualidade do milho silagem, usado na alimentação dos animais.

—No leite, a situação é assustadora, porque o produtor não tem de onde comprar (silagem) — ressalta o diretor técnico, sobre a escassez do ingrediente em razão dos danos no Estado como um todo.  

Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br