Em um ano, quase 70 mil pessoas passam ao trabalho informal no RS

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Avanço de 4,2% reflete crise econômica, aponta IBGE

Diante da fraqueza que assola a economia, a informalidade foi o principal caminho aberto a gaúchos que sentiram na pele as dificuldades da procura por emprego. No primeiro trimestre, o número de trabalhadores sem carteira assinada ou CNPJsubiu para 1,7 milhão no setor privado do Rio Grande do Sul. Representa alta de 4,2% frente a igual período de 2018, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Na prática, o crescimento significa que, no intervalo de um ano, 69 mil pessoas recorreram a atividades informais para garantir alguma renda no Estado. É como se quase toda a população de Venâncio Aires (71,1 mil habitantes), no Vale do Rio Pardo, migrasse para ocupações como os conhecidos bicos para custear suas despesas.

– Quando as empresascomeçam a demitir, as pessoas têm de buscar opções de renda. Quando a economia está melhor, com geração de empregos, não há grande estímulo para trabalhar por conta própria, sem carteira assinada, abrindo mão, por exemplo, da contribuição à Previdência – afirma o analista do IBGE Walter Paulo de Sousa Rodrigues, coordenador da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua no Estado.

Os 1,7 milhão de informais no primeiro trimestre são divididos pelas estatísticas oficiais em quatro grupos: empregados sem carteira assinada, domésticos sem o documento, empregadores sem CNPJ e trabalhadores por conta própria sem CNPJ. O quarto é o mais elevado – e justamente o que vem puxando o aumento no número geral. 

Conforme o IBGE, os trabalhadores por conta própria sem CNPJ não têm relação com patrões ou empregados e decidem oferecer algum tipo de produto ou serviço informal para gerar renda. No primeiro trimestre, o grupo subiu para 995 mil, avanço de 6,6% ante igual período de 2018. Ou seja, no intervalo de um ano, mais 62 mil pessoas passaram a integrar essa parcela – 89,9% de todos os 69 mil novos informais no Estado.

O grupo contempla desde profissionais que vendem mercadorias nas ruas, como alimentos e bebidas, até quem tenta a sorte com consertos ou pequenas obras. Segundo o IBGE, engloba ainda uma categoria que se espalhou nos últimos anos pelo trânsito das grandes cidades, a dos motoristas de aplicativos de transporte de passageiros

– Eles são dependentes da tecnologia para trabalhar. Apesar disso, não têm relação de empregado e empregador com as empresas de aplicativos – explica Rodrigues. 

No primeiro trimestre, os 995 mil trabalhadores desse grupo correspondiam a 17,8% da população ocupada formal ou informalmente no Rio Grande do Sul (5,584 milhões). Ou seja, uma a cada cinco pessoas acima de 14 anos com algum tipo de atividade profissional.

Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br