Em quais situações é preciso continuar usando máscara? Confira a orientação de especialistas

O uso de máscaras ao ar livre não é mais obrigatório em Porto Alegre a partir desta sexta-feira (11), definiu o prefeito Sebastião Melo (MDB) em decreto. Na próxima semana, a prefeitura discutirá se o uso em ambientes fechados também será relaxado. 

Em países da Europa e da América do Norte, a flexibilização ocorreu da mesma forma: primeiro em ambientes abertos, depois fechados, ainda que com maior prazo de diferença. O último local a ter uso liberado foi transporte público, incluindo metrô, trem e ônibus. Hospitais, postos de saúde, clínicas e outros ambientes costumam manter, em outras nações, a exigência de uso. 

A partir de agora, especialistas destacam que a população deve medir os riscos para cada situação – entendendo que, mesmo em ambientes externos, há circunstâncias de maior e menor perigo. 

Ao ar livre, os locais mais seguros para retirar a máscara são aqueles com grande ventilação e distanciamento entre indivíduos – como na praia, no parque ou em uma praça. Depois, os mais seguros são ambientes externos onde todos estão vacinados, uma vez que imunizados transmitem menos e por menos tempo, caso estejam com o vírus. 

Um ambiente externo tem risco elevado de contaminação quando há muitas pessoas em pouco distanciamento, situação na qual o uso de máscara é recomendado, diz a médica epidemiologista e professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lucia Pellanda. 

Se os presentes falarem alto, cantarem ou praticarem exercício próximo, o risco é elevado, uma vez que gotículas de aerossol são mais liberadas no ambiente. Portanto, shows, festas ao ar livre, estádios de futebol, feiras de rua e blocos de Carnaval são cenários nos quais o risco é elevado para quem dispensa a máscara. 

— O lugar mais seguro de todos é a praia: tem vento e é bem aberto. Mas todos os ambientes nos quais não é possível manter algum distanciamento e tiver gente falando alto, fazendo exercício, cantando ou gritando terão risco maior. Se tiver uma pessoa contaminada ali, ela poderá contaminar outras, mesmo ao ar livre, como em um show na Costa Rica ao ar livre, no qual 2 mil pessoas saíram contaminadas — afirma Pellanda. 

Há baixo risco de contaminação em andar sem máscara ao caminhar, correr e pedalar na rua, no parque, na praça e na Orla do Guaíba, por exemplo, onde há vento. Todavia, se você for à Orla no fim de semana e sentar próximo a muitas pessoas, é recomendado portar máscara. 

— Uma coisa é caminhar com os filhos na Orla, andar de bicicleta ou de patins em horário ameno, aí, você pode não usar mascara. Mas se você vai tomar chimarrão em uma área superaglomerada, aí muda de figura — diz a especialista em Biossegurança Mel Markoski.

Na feira ao ar livre para comprar frutas e legumes, o ideal é que feirante e clientes sigam com máscara, uma vez que há contato próximo entre todos — e o vendedor costuma falar alto para anunciar os produtos. Pela mesma lógica, no buffet do restaurante, acrescenta Pellanda, também seria adequado manter o uso para assegurar que os alimentos estejam protegidos. 

Ambiente fechado 

O prefeito Sebastião Melo anunciou que discutirá, na semana que vem, a possibilidade de desobrigar o uso de máscaras em ambientes fechados. Os três especialistas entrevistados por GZH consideram que eventual decisão é precipitada, uma vez que o nível de circulação da covid-19 ainda é alto, apesar de ter reduzido. 

Entre todos os ambientes fechados, o médico infectologista Cezar Riche, do Hospital Mãe de Deus, cita que é altamente recomendável manter o uso de máscaras em hospitais, postos de saúde, clínicas e laboratórios. 

— Orla, praia, fazenda, sítio e parque não vejo por que usar máscara. Caminhar na calçada não tem grande necessidade de uso. Quais locais têm maior risco? Em serviços de saúde e shows ao ar livre é recomendado usar máscara — afirma Riche, que acrescenta:

— Ainda não devemos desobrigar uso em ambiente fechado. Temos que ver como o cenário vai se portar após essa primeira mudança. Está certo o momento de tirar máscara na rua, mas as pessoas precisam levar o acessório pra ir no mercado e outros lugares. 

Para a especialista em biossegurança Mel Markoski, o uso também deve ser mantido em espaços fechados de grande circulação de pessoas, como supermercados, shopping e cinemas.

— Em qualquer local com muitas pessoas com quem você não convive, precisa manter o uso de máscaras. Minha opinião é manter o uso de máscara até termos os dados de contágio e mortes bem mais reduzidos aos níveis de outras doenças infecciosas e virais — afirma Markoski. 

Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/