Polícia investiga os casos e diz que não há indício preliminar de ligação entre ambos. Primeira vítima, de 27 anos, foi morta a tiros em uma esquina da cidade. A segunda, de 37, foi encontrada com 13 facadas, no bairro onde morava.
Duas mulheres trans foram assassinadas, em menos de 24 horas, no último sábado (7), em Santa Maria, Região Central do Rio Grande do Sul. A polícia investiga os casos, e a ONG Igualdade, que atua na cidade, pediu uma audiência com a Secretaria Estadual de Justiça e dos Direitos Humanos para tratar do assunto.
O primeiro homicídio aconteceu na madrugada. A vítima foi Carolline Dias, de 27 anos, morta com um tiro nas costas na esquina das avenidas Presidente Vargas e Borges de Medeiros. Segundo a polícia, duas testemunhas viram quando um homem se aproximou da vítima a pé, disparou e fugiu, em seguida.
Carolline era natural de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, e seu corpo foi transportado para a cidade natal ainda no sábado.
Já durante a noite, Nemer da Silva Rodrigues, 37 anos, foi assassinada com 13 golpes da faca, no bairro Tancredo Neves, onde morava. Moradores ouviram gritos e chamaram a polícia que, quando chegou, encontrou o corpo nas proximidades de um ginásio. O autor fugiu do local.
O delegado Gabriel Zanella explica que ainda não há suspeitos para os crimes, e que nenhuma linha de investigação é descartada.
“As investigações preliminares não indicam, por enquanto, relação entre os casos. Ressaltamos que a forma de execução e o tipo de arma [de fogo e branca, respectivamente] são diferentes nos dois homicídios”, complementa.
Câmeras de segurança estão sendo examinadas, e testemunhas ouvidas, para ajudar a elucidar os casos, afirma o delegado.
‘Tu não sabe se vai voltar para casa’
A ONG Igualdade, que atua na cidade em favor da causa LGBTQI+, acompanha os dois casos e acredita que as motivações de ambos tiveram relação com preconceito.
“Essa população está sempre vulnerável no espaço de trabalho onde elas estão, que é uma esquina onde as meninas trabalham à noite”, diz Marquita Quevedo, uma das coordenadoras da ONG. Segundo ela, Carolline trabalhava como garota de programa no Centro da cidade.
“No dia a dia, tem muita agressão, elas são agredidas verbalmente. ‘Tu tá’ na rua e não sabe se vai voltar para casa”, reclama.
Ela menciona dados que apontam que a expectativa de vida das mulheres e homens trans ou travestis é baixa.
“Quem consegue sobreviver aos 36 é uma vitória. É muito triste. Além dessa população estar sempre vulnerável, estamos fora do mercado de trabalho, da educação. ‘Tu é’ agredida todo dia”.
Marquita diz que a ONG deve se reunir nesta segunda-feira (9) com outros coletivos e membros da comunidade para tratar do assunto. E também entrou em contato com a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos.
A Comissão Especial da Diversidade Sexual e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Maria também lamentou e repudiou os dois crimes.
Fonte: G1
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