No levantamento, 59% das pessoas apontaram motivos pessoais
A desinformação e o descaso são os principais motivos para que os pais ou responsáveis não vacinem crianças de até seis anos no Rio Grande do Sul. Cerca de 59% deles não buscam a imunização por esquecimento, medo de efeitos colaterais, falta de tempo, criança muito pequena, por não ter surto da doença, desacredita em vacinas, não sabia que tinha que fazer, perdeu a caderneta de vacinação ou por causa do sofrimento. As constatações fazem parte do levantamento “Vacinação Infantil no RS” elaborada pela Amostra Instituto de Pesquisa entre os dias 19 e 30 de setembro deste ano.
O estudo foi divulgado nesta terça na sede da Secretaria Estadual da Saúde no Centro Administrativo do Estado, em Porto Alegre, e teve o objetivo de identificar as causas para a baixa cobertura vacinal no Estado e apontar estratégias para mudar esse cenário. O levantamento foi realizado com 1.371 pessoas em 13 cidades gaúchas, que, segundo Margrid Sauer, diretora do Instituto Amostra, ficaram abaixo da média estadual de vacinação: Itaqui, Santana do Livramento, Pinheiro Machado, Tupanciretã, Tapera, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Erechim, Nova Prata, Taquara, Osório, Pelotas e Porto Alegre.
Segundo ela, dos entrevistados, 90,3% são mulheres, 64,9% tem até 24 anos, 87,8% possui o Ensino Fundamental e Médio e 81,2% recebem até cinco salários mínimos – renda familiar de até R$ 4.990. Quando perguntados, os homens não sabiam informar a situação vacinal dos filhos.
As principais vacinas em atraso são as da gripe, com 38,1%, seguido de sarampo, com 20,1%, febre amarela, com 18,5%, e varicela, com 12,3%. Depois do descaso, 31% dos responsáveis alegam que não vacinam as crianças por questões de saúde. Os principais motivos nesse escopo foram: a criança estar doente, contraindicação médica, reações à vacina, enfermeira desaconselhou e alergia ao ovo.
Em 10% das famílias pesquisadas, havia mais de uma criança com vacinas em atraso e baixa adesão à imunização predomina entre pais/responsáveis com idade abaixo de 25 anos, com baixo nível de escolaridade formal e renda, configurando a população de maior vulnerabilidade social. Outros 30% ouvidos na pesquisa apontaram problemas na Unidade Básica de Saúde (UBS) como a falta da vacina no posto de saúde, horário de atendimento da UBS, localização, insatisfação com o atendimento e não tinha profissional disponível para aplicar a vacina.
A chefe da Divisão Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, disse que quanto ao medo dos efeitos colaterais, as vacinas são seguras. “A maior parte das reações, se acontecer, são leves e temporárias. Além disso, as crianças pequenas são as mais suscetíveis às doenças, pois suas defesas imunológicas não estão bem formadas. O importante é seguir as recomendações contidas no calendário de imunização”, ressaltou.
A secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, afirmou que o governo do Estado, em conjunto com os municípios, pretende investir muito nas próximas campanhas de vacinação. “Vamos criar mecanismos para que as pessoas possam tirar dúvidas e vamos apoiar os municípios de forma mais presente. Queremos força de trabalho das unidades básicas de saúde e a capacitação das equipes. A secretária defendeu também a extensão de horários nas unidades de saúde. “Precisamos nos mobilizar, já que a maior parte das pessoas mostrou que não tinha informações objetivas em relação à importância da vacina”, acrescentou. Ela afirmou que as campanhas precisam ser mais incisivas e que é preciso mobilizar ainda mais os 10 mil agentes comunitários de saúde do Rio Grande do Sul na busca ativa das crianças.
Fonte: www.correiodopovo.com.br
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