Conab projeta menor produtividade para o trigo nesta safra

Foto: Wenderson Araujo / Trilux

Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) espera uma produção de trigo 18,6% menor para o Rio Grande do Sul, com queda de 5,73 milhões de toneladas em 2021/22 para 4,66 milhões de toneladas em 2022/23, como divulgado nesta quinta-feira (11) em seu primeiro levantamento do ano para a cultura. “Para esta safra a expectativa é de que a produtividade volte a níveis normais”, comentou o gerente de Informações Agropecuárias da Conab, Fabiano Vasconcellos, em live de divulgação dos resultados do 8º Levantamento da Safra 2022/23 da companhia. Já em área plantada, a expectativa é de 1,45 milhão de hectares, igual à área alcançada na última safra, que bateu recorde histórico. 

Essa projeção de queda na produtividade em relação ao ano passado tem a ver com previsão de mais chuvas na segunda metade do ano, com possibilidade de El Niño – o que pode resultar em maior incidência de pragas e doenças – e a descapitalização dos produtores, que tiveram perdas decorrentes da estiagem na safra de verão. Esta é a avaliação do coordenador da Câmara Setorial do Trigo da Secretaria da Agricultura, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Tarcísio Minetto. Segundo ele, isso causa uma preocupação do setor com a dificuldade de acesso ao crédito e seguro agrícola, o que pode comprometer a produtividade. “Tudo isso vai impactar. Embora os custos de produção tenham reduzido”, salienta Minetto. 

Devido ao cenário de dificuldades, o coordenador destaca que ainda não há certeza de que toda a área projetada pela Conab vai ser de fato plantada. “O grande desafio é manter essa área plantada, dada a condição dos produtores, que têm que buscar crédito porque estão descapitalizados”, enfatiza. O produtor também enfrenta queda nos preços, nesta quarta-feira em R$ 1.295,97 por tonelada, 3,1% a menos que no último mês, de acordo com cotações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. “Os moinhos brasileiros estão abastecidos, vamos ter uma menor necessidade de importações”, justificou o analista de mercado da Conab, Allan Silveira, também na live de divulgação do 8º Levantamento.

Outro fator que traz uma maior acomodação para os preços do trigo, de acordo com Silveira, é a expectativa de um aumento na área plantada brasileira, de 7%, com 3,3 milhões de hectares projetados. “Mas o mercado externo tem uma grande influência do trigo russo, que está com preços muito competitivos, até mais competitivos do que o trigo brasileiro, então isso tem dificultado um pouco a comercialização. As exportações não estão tão aceleradas quanto no último ano em função disso, apesar de uma menor disponibilidade do trigo argentino”, acrescentou o analista. 

Por esses fatores, Minetto enfatiza que, ao investir no trigo este ano, o produtor precisa avaliar bem o contexto da propriedade, os custos das máquinas e o que pode ser recuperado e otimizado. “É preciso avaliar o nível de tecnologia, os custos da taxa de juros, os créditos para o Plano Safra, e a questão de preço, além de questões climáticas”, afirma. Até o dia 22 de maio, a Câmara Setorial Trigo deve fazer uma reunião para discutir os desafios da cultura e ouvir o setor, além de avaliar o que pode ser pleiteado junto ao governo federal para atender a demanda dos produtores de seguro e crédito.

Fonte: correiodopovo.com.br