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Como o El Niño vai influenciar o tempo no RS nos próximos meses e quando ele perderá força

Expectativa é de que o fenômeno siga alterando o ciclo de chuva nos municípios gaúchos

Chuva deve ficar acima da média até o verão no RS, dizem meteorologistasNeimar De Cesero / Agencia RBS

Chuva frequente e acima da média histórica: essas serão duas das consequências do El Niño no tempo do Rio Grande do Sul nos próximos meses. É o que afirmam notas técnicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O excedente de precipitação preocupa autoridades por conta da possibilidade de novas enchentes e também pelo prejuízo à safra de 2023/2024 no Estado.

Além da primavera, é esperado que o verão no Estado também seja uma estação com registro de chuva acima da média, dizem meteorologistas consultados por GZH. O El Niño, aquecimento anormal no Oceano Pacífico tropical, será um dos responsáveis pela precipitação maior até o fim do ano, segundo Vanessa Gehm, meteorologista da Sala de Situação da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema).

— Alguns pontos podem ter até 150 milímetros acima do esperado, principalmente em outubro e novembro. Isso deve ocorrer no Sudeste e Norte. Nas demais regiões são esperados entre 50 e 100mm (acima da média histórica). O cenário seguirá de chuvas significativas e também com eventos extremos, como temporais, queda de granizo e vendaval — diz.

Quando o El Niño acabará

El Niño faz parte de um ciclo natural do planeta que inclui estados de resfriamento do Oceano Pacífico — conhecido como La Niña —, e pode ocorrer em intervalos que variam de dois a sete anos, pois não segue um padrão de ocorrência.

O último episódio intenso do El Niño ocorreu entre 2015 e 2016, segundo Inmet. Não existe, portanto, consenso de quando o fenômeno acabará: as previsões atuais apontam que ele perderá força nos primeiros meses do próximo ano.

— Ele segue com 90% de probabilidade de ocorrência até meados do verão, chegando próximo ao outono. O oceano demora muito para dar resposta na atmosfera: no momento que o El Niño acabar, vai demorar algumas semanas para esse “sinal” chegar ao Rio Grande do Sul. No começo do ano que vem ele vai estar mais fraco, pois vai perdendo força e gradualmente vai diminuindo a chuva — acrescenta Vanessa.

Regiões críticas

A nota técnica do Cemaden diz que a geografia do Estado, que tem “uma extensa rede de rios e planícies”, faz do Rio Grande do Sul um lugar historicamente propenso a inundações durante períodos chuvosos, em especial na primavera. Somado a isso e ao El Niño, em 2023, a ocorrência de desastres será mais provável no Oeste, Noroeste, Sul e Região Metropolitana de Porto Alegre, diz a entidade.

O centro de monitoramento avalia também que os municípios localizados na Bacia do Rio Uruguai, na região do Vale do Sinos e Grande Porto Alegre são os pontos de maior risco de situações graves devido à precipitação no próximo trimestre.

— O solo já está molhado, os rios estão cheios, os açudes estão transbordando. Então qualquer chuva, não precisa ser muita, vai causar estrago — resume o meteorologista Júlio Marques, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

O estudo destaca que deslizamentos de terra podem ocorrer em Santa Maria, no Centro, “onde a influência do El Niño se faz historicamente mais presente”. No entanto, as áreas mais suscetíveis a esse tipo de ocorrência estão localizadas na Serra. O meteorologista da UFPel também projeta que o fenômeno deva perder força no início de 2024, com término previsto entre o fim do verão e início do outono.

— Outubro e novembro devem ter o dobro do normal de chuva para esses meses. Em dezembro, as previsões apontam que pelo menos três vezes mais do que a média. A cada quatro ou cinco dias terá chuva significativa, e isso deve durar pelo menos até dezembro. A partir de janeiro diminui (a precipitação) — conclui.

Impacto no campo

Os prognósticos climáticos também avaliam os impactos da precipitação anormal na safra de 2023/2024. Segundo o Cemaden, a chuva intensa que atingiu o Estado entre os dias 1º e 5 de setembro afetou 449 municípios gaúchos, 93% do total; 443 deles tiveram mais de 80% de áreas agroprodutivas (pastagens e agrícolas) afetadas.

Por isso, afirma o Inmet na nota técnica, será necessária “atenção especial” ao Rio Grande do Sul, onde “há previsão de excesso de chuva nos próximos meses, cenário que pode intensificar o excedente hídrico, por conta do encharcamento do solo, consequentemente, prejudicando a colheita da safra de inverno e o início do plantio das culturas de grãos”.

— Para todas as atividades (a chuva acima da média) é uma situação preocupante, mas é complicado principalmente para as atividades do campo, qualquer tipo de plantação agrícola. Ainda não conseguimos colher totalmente as culturas do inverno e vamos ter que preparar as plantas para o verão. O pessoal das prefeituras e da agricultura tem de estar ciente de que vai enfrentar um período extremamente difícil. A primavera deste ano vai estar entre as mais chuvosas — acrescenta Marques.

Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br

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