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Trigo argentino pressiona preço no Brasil

Mesmo com menor área e produção, estoques do país vizinho impedem a subida das cotações

A Argentina forneceu 77% do trigo adquirido pelo Brasil entre janeiro e agosto, ou 3,206 milhões de toneladas | Foto: Josiani Mesquita/Embrapa/Divulgação/CP

Apesar da projeção de uma produção menor de trigo neste ano, não há nenhum indício de que os preços vão melhorar ao produtor. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou na semana passada que a colheita esperada de 7,536 milhões de toneladas, 4,5% inferior à de 2024 (de 7,889 milhões). Houve redução de área porque os preços não estimularam os produtores, e ainda os gaúchos, maiores produtores, enfrentam problemas econômicos pelo clima. A área do cereal em 2025 é de 2,449 milhões de hectares, encolhimento de 19,9% ante os 3,058 milhões do ano passado, e a produtividade prevista em 3.077 quilos/hectare, ganho de 19,3% sobre os 2.579 quilos de 2024.

Há regiões do país já em colheita, enquanto no Rio Grande do Sul as lavouras estão em desenvolvimento, segundo a Emater/RS-Ascar, ou seja, com produção ainda passível de alterações provocadas pelo clima. A projeção da instituição é de 1.198.276 hectares, produtividade de 2.997 quilos/hectare e, portanto, colheita de 3,591 milhões de toneladas. No ano passado a área foi de 1,33 milhão de hectares e a produção ficou em 3,390 milhões de toneladas.

A explicação para as cotações pressionadas está na Argentina, principal fornecedora de cereal para o consumo brasileiro. Os argentinos forneceram 62%, ou 3,790 milhões de toneladas, do volume adquirido pelo Brasil no ano passado, e neste ano, até agosto, 77%, ou 3,206 milhões. Segundo Jonathan Pinheiro, consultor em Gerenciamento de Riscos da StoneX, os estoques estão altos no país vizinho.

“Tem agora um fator que pressiona o nosso mercado que é uma oferta muito elevada de estoques de passagem na Argentina e, com o câmbio que vem já há alguns meses relativamente baixo, isso acaba pressionando o nosso mercado interno pela paridade de importação”, explica.

“Então, o moinho, a indústria que vai comprar trigo vê que, se o produtor aqui no Brasil pediu um pouco mais caro, ele vai lá e busca na Argentina, que é mais barato”, complementa. “O preço do produtor aqui no Brasil sempre tem que estar abaixo da paridade de importação, e é isso que vem pressionando o nosso mercado também”.

Assim, visto a oferta volumosa dos argentinos, mesmo com a safra menor no Brasil não se observa melhora no cenário de preços aos triticultores. “A safra argentina é um ponto crítico para manter os preços baixos”, sintetiza Pinheiro. Além disso, acrescenta, a produção global tem batido níveis recordes, com a retomada de estoques após anos de reduções, e, ainda que o consumo mundial também esteja a patamares recordes, a atual produção atende o consumo, e assim o preço não sobe.

Fonte: www.correiodopovo.com.br

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