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Região das Missões tem roteiros pela história, cultura e gastronomia local

Ruínas, museus e experiências únicas em pequenos empreendimentos evidenciam a cultura missioneira

As ruínas das missões estão entre as paradas obrigatórias na regiãoFoto : Anelise Zanoni / Especial / CP

Por Nicole Fritzen

Rica em história, cultura, patrimônio e diversidade, a região das Missões é um dos destinos gaúchos mais singulares do Estado. É um daqueles lugares impactantes e repletos de energia. O visitante percorre ruínas, ouve histórias e, ao mesmo tempo, vive a cultura local por meio da gastronomia e de experiências únicas.

Ao completar 400 anos da chegada dos jesuítas, a rota das Missões Jesuíticas relembra principalmente o município de São Nicolau, que recebeu os primeiros religiosos em 3 de maio de 1626. A cidade, descoberta pelo padre Roque Gonzales, foi a primeira a ser fundada na região.

Porém, cada um dos 26 municípios que formam a região carrega histórias e leva os visitantes a diferentes descobertas, a maioria delas em forma de traços do passado que seguem vivos.

“As Missões foram a primeira experiência europeia em território do Rio Grande do Sul. Os jesuítas entraram em nosso território, implantaram sistemas de industrialização de produtos e, a partir daí, ocorreu uma série de acontecimentos, que passam pela chegada do gado, a guerra guaranítica e o estabelecimento do cristianismo. De todo esse processo, dá pra se dizer que as raízes e a base do Rio Grande do Sul se estabelecem por meio das Missões”, explica José Roberto de Oliveira, pesquisador da história da região e sócio-proprietário da Pousada das Missões.

Com um legado focado em patrimônio cultural e um lugar de paisagens únicas, as Missões se consolidam com as comemorações e têm a capacidade de produzir consciência gaúcha sobre as raízes do Estado, acredita Marta Benatti, proprietária da operadora de turismo Caminho das Missões.

“Os 400 anos das Missões são um marco importante da própria formação do Estado, pois trouxe também inúmeros costumes e atividades que hoje fazem parte da cultura, como é o caso da pecuária”, destaca Oliveira.

Com tantos atrativos e histórias, o turismo cresce cada vez mais, levando pessoas de diferentes lugares a visitar as Missões. “O interesse turístico tem aumentado. Aos poucos, foram estabelecidas novas possibilidades, como, por exemplo, a infraestrutura aérea nas conexões com São Paulo, especialmente com a frota entre Guarulhos e Santo Ângelo. Recebemos pessoas do mundo inteiro aqui.

O que visitar nas Missões Outros municípios

A região das Missões é formada por 26 municípios, cada um com histórias e culturas bem particulares. Cada uma delas carrega detalhes, traços e atrativos únicos, que recebem de braços abertos os visitantes.

A seguir, conheça as cidades e os principais pontos turísticos de cada uma delas.

1. São Miguel das Missões

É um dos destinos mais sonhados pelos turistas, pois é ali que ficam as famosas ruínas de São Miguel Arcanjo. Um dos mais preservados — Patrimônio Mundial pela UNESCO — o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo oferece uma viagem pela história e cultura local. É possível visitar a antiga igreja jesuítica, ver a famosa Cruz Missioneira e também fazer uma visita ao Museu das Missões, que tem muitas obras sacras, entre sinos e esculturas.

Um dos pontos altos é curtir o emocionante espetáculo Som & Luz, que ocorre ao anoitecer e conta a história dos Sete Povos. O show tem duração de quase 50 minutos e narra a história dos índios guaranis, da formação da redução de São Miguel Arcanjo até o momento da Guerra Guaranítica. A narrativa se dá por luzes projetadas e sons que saem de diferentes locais do parque.

Além de visitar as ruínas, também vale a pena tirar uma foto no pórtico, conhecer o projeto Borraio Minhas Origens e participar de uma vivência no Manancial Missioneiro.

2. Entre-Ijuís

O simpático município tem pontos turísticos históricos, todos muito bem organizados e com belas paisagens. Entre eles, destacam-se o Sítio Arqueológico de São João Batista, o Parque das Fontes e a Vinícola Fin.

A redução de São João Batista foi a primeira fundição de ferro da América do Sul, além de ser berço da cultura e do desenvolvimento de atividades artísticas dos índios, que aprendiam com facilidade a manusear instrumentos musicais, esculpir obras e produzir artesanatos.

O sítio fica a céu aberto, é repleto de árvores e, na entrada, estão expostas pedras doadas pela comunidade. As ruínas são menores, mas possuem grande valor histórico e arqueológico, perfeitas para quem quer aprofundar o contexto das reduções.

3. São Luiz Gonzaga

É uma terra que carrega com orgulho as raízes e tradições missioneiras do Rio Grande do Sul, incluindo música, arte e muito tradicionalismo. Além disso, também é conhecida como a terra do carreteiro.

 Região conta com vinícolas | Foto: Anelise Zanoni / Especial / CP

A dica é conhecer a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, a Igreja Matriz, o complexo turístico Jayme Caetano Braun e o Sítio Arqueológico São Lourenço Mártir. Localizado a 30 km da cidade, o sítio impressiona pela paisagem e natureza. Nas ruínas, são preservadas partes de uma igreja, uma adega, uma casa que pertenceu aos jesuítas e também latrinas.

  | Foto: Anelise Zanoni / Especial / CP

4. São Nicolau

O pequeno município tem cerca de 5 mil habitantes e encanta pela simplicidade, hospitalidade e história. Fundada em 1626, São Nicolau é considerada a primeira redução jesuítica e querência do Rio Grande do Sul, o que orgulha os moradores.

O principal ponto turístico é a Praça Central, chamada Padre Roque Gonzáles de Santa Cruz. Amplo e arborizado, o sítio preserva ruínas como a de um cabildo — sede administrativa da redução — e os restos de uma igreja que ainda tem o piso original e parte das paredes externas em pedra.

Na frente da praça está a adega jesuítica, outra importante construção do período das reduções. Além das ruínas, vale registrar uma foto no Sobrado Silva, visitar a Casa de Pedra e Sala de Exposição e experimentar o Café de Cambona, utensílio utilizado pelos tropeiros e hoje tema de festa na cidade.

5. Santo Ângelo

Considerada a Capital das Missões, é uma cidade vibrante que carrega a cultura indígena e missioneira. O município foi o último dos Sete Povos das Missões a ser fundado e foi consagrado pelo Anjo Custódio das Missões, protetor de todos os povos missioneiros.

Pela cidade, é possível fazer diversos passeios e participar de experiências únicas. Entre elas, visitar o centro histórico, onde está uma das mais belas catedrais do Estado, a Angelopolitana — com traços renascentistas e barrocos e esculturas dos padroeiros dos Sete Povos na fachada. Também vale visitar uma aldeia guarani e saborear comidinhas típicas locais.

Outros municípios para colocar no roteiro

São Pedro do Butiá

Fiel às tradições germânicas, o município abriga o Centro Germânico Missioneiro, um parque lindíssimo com 4 hectares, muitas árvores, flores, lago e várias casinhas da época dos primeiros imigrantes. Outra dica é visitar o Sítio das Capivaras, na comunidade de Linha Taipão.

  | Foto: Anelise Zanoni / Especial / CP

Porto Xavier

Cidade que vive em relação direta com o Rio Uruguai e destino interessante para quem gosta de pesca. A dica é fazer compras no free shop, tirar fotos no píer do porto e passar um dia no Rancho Costeiro.

São Paulo das Missões

Colonizada por alemães, é um município focado no turismo de fé. Os pontos turísticos são baseados em espiritualidade e religiosidade. Entre eles, destacam-se o pórtico, o Oratório de Nossa Senhora e a Gruta Nossa Senhora de Lourdes.

  | Foto: Anelise Zanoni / Especial / CP

Caibaté

Tem forte ligação com a religiosidade. Um dos principais pontos é o Santuário do Caaró, considerado espaço de cura e purificação. Acredita-se que o local tenha sido palco de milagres, motivo para milhares de fiéis percorrerem a região em romarias. Outra dica é visitar os museus, cheios de histórias e particularidades.

Santo Antônio das Missões

Cidade pequena, mas que valoriza muito sua religiosidade. Além da Paróquia Santo Antônio, com arquitetura diferenciada, destaca-se o Museu Estanislau Wolski, que abriga peças do período jesuítico-missioneiro, incluindo miniaturas de anjos e santos esculpidos pelos guarani.

Fonte: www.correiodopovo.com.br

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