
A Nasa anunciou um experimento que pretende levar a medicina personalizada a um novo patamar. Chamado de AVATAR (A Virtual Astronaut Tissue Analog Response), o projeto faz parte da missão Artemis II e usará “órgãos-em-um-chip” para estudar os efeitos da radiação do espaço profundo e da microgravidade na saúde humana.
Esses “chips de órgãos” são pequenos dispositivos do tamanho de um pendrive, contendo células vivas dos astronautas da missão. Eles voarão lado a lado com a tripulação em sua jornada de 10 dias ao redor da Lua. O objetivo é criar “avatares” dos órgãos humanos para prever como cada astronauta reagirá aos estresses do espaço.
O que é um “órgão-em-um-Chip”?
- Miniaturas Funcionais: Os órgãos-em-um-chip, também conhecidos como chips de tecido, são projetados para imitar a estrutura e as funções de órgãos humanos específicos, como cérebro, pulmões, coração, pâncreas e fígado. Eles podem, por exemplo, “bater como um coração” ou “respirar como um pulmão”.
- Aplicações na Terra: A tecnologia já é usada por pesquisadores e oncologistas para prever a reação de um paciente a tratamentos contra o câncer, como quimioterapia e radioterapia. A NASA e outras instituições estão expandindo a vida útil desses chips para, no mínimo, seis meses, permitindo o estudo de doenças e tratamentos em períodos mais longos.
- Personalização na Medicina: O experimento é uma colaboração entre a NASA, agências governamentais e parceiros da indústria, e visa acelerar inovações na saúde personalizada, beneficiando tanto os astronautas no espaço quanto os pacientes na Terra.
Medula óssea
O projeto AVATAR da missão Artemis II se concentrará em chips de medula óssea, um dos órgãos mais sensíveis à exposição à radiação. A medula óssea é fundamental para a formação das células sanguíneas e do sistema imunológico. O estudo busca entender como a combinação da radiação e da microgravidade do espaço profundo afeta essas células, já que a missão Artemis II voará além da camada protetora do campo magnético da Terra.
Para criar os chips, os astronautas doarão plaquetas, das quais serão extraídas células-tronco. Essas células serão colocadas nos chips, ao lado de células de vasos sanguíneos, para imitar a estrutura e o funcionamento da medula óssea.
Ao retornar à Terra, os pesquisadores da Emulate, Inc., a empresa que desenvolveu a tecnologia, irão comparar os dados das amostras que viajaram ao espaço com as de uma pesquisa paralela em solo. Essa análise permitirá uma visão detalhada do impacto do ambiente espacial nas células sanguíneas.
Segundo a diretora da divisão de Ciências Biológicas e Físicas da NASA, Lisa Carnell, a tecnologia é crucial para o futuro da exploração espacial. “À medida que formos mais longe e ficarmos mais tempo no espaço, será fundamental entender se há necessidades de saúde únicas e específicas para cada astronauta, para que possamos enviar os suprimentos certos em missões futuras”, afirmou.
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