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Mudanças climáticas podem tornar RS inabitável em breve, diz em Porto Alegre um dos maiores meteorologistas do país

Carlos Nobre realizou a palestra magna do 4º Summit Ambiental Internacional, promovido nesta terça e quarta pelo Hospital Moinhos de Vento

Com o tema “A Urgência da Ação Climática: Redefinindo o Papel das Instituições na Preservação do Planeta”, o Hospital Moinhos de Vento promove o 4º Summit Ambiental Internacional | Palestra de abertura com Carlos Afonso Nobre | Foto: Camila Cunha

A emergência climática é um dos principais assuntos em pauta no 4º Summit Ambiental Internacional, promovido pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, com a presença de especialistas das áreas de saúde e meio ambiente. O evento iniciou nesta terça-feira e segue até quarta, no Anfiteatro Schwester Hilda Sturm, nas dependências da instituição. A palestra magna do encontro foi realizada por Carlos Afonso Nobre, um dos maiores meteorologistas do país. Ele integrou a equipe internacional de cientistas que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007, por meio do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Para Nobre, os eventos climáticos extremos, como as enchentes de maio no Rio Grande do Sul, reforçam a importância de se cuidar do planeta. “Estamos caminhando para uma situação de ‘ecocídio’, onde o planeta e a humanidade estão em risco. Precisamos zerar as emissões de gases de efeito estufa e combater o desmatamento e o comércio de animais selvagens para evitar a origem de novas pandemias”, comentou Nobre, para quem “não existe um planeta B”.

Ainda conforme o cientista, a temperatura global do ar já está 1,3 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, e, na média dos últimos cinco anos, 3,3 graus Celsius acima. “Se chegarmos a 4 graus acima, o Rio Grande do Sul poderá se tornar inabitável”, alertou, acrescentando que a tendência, caso não haja controle das emissões de gases causadores do efeito estufa, é que esta marca se confirme em breve. Idosos e crianças, e mais ainda a população mais vulnerável, devem ser as pessoas que mais irão sofrer as consequências disto, alertou ainda.

Desde a era industrial, dados coletados pelo professor e trazidos ao encontro mostram que os seres humanos já emitiram 1,5 trilhão de toneladas de dióxido de carbono por meio de processos poluentes, fazendo com que o nível do mar subisse 10,3 centímetros desde 1993 e as geleiras globais perdessem 8,3 mil quilômetros cúbicos de extensão desde 1976. Com quatro graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, as ondas de calor poderão ser 5,3 graus mais quentes do que a média e ocorrer 38 vezes a cada 50 anos.

Hoje, as ondas estão 1,2 grau Celsius mais quentes do que o padrão e ocorrem, em média, cerca de cinco vezes a cada 50 anos. “A emergência climática é o maior desafio de nossa era, e não existe um plano B, pois não temos outro planeta. Precisamos enfrentar este alerta vermelho para a humanidade, pois o aumento da temperatura e dos eventos climáticos extremos já afeta a saúde pública global e a biodiversidade de maneira significativa”, disse.

No entanto, assegurou, o Brasil pode liderar o combate à crise do clima, por meio de “políticas públicas de resiliência, controle do desmatamento e adaptação climática em todos os setores, atingindo suas metas de redução de emissões até 2030 e buscando o net zero antes de 2040”, disse. O CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, afirmou que a importância do evento é justificada pela urgência climática, e ainda que a instituição tem compromisso com a sustentabilidade.

“Esta pauta é um desafio de saúde pública. É compromisso do Hospital Moinhos de Vento não cuidar somente dos resíduos que geramos, mas também estamos compromissados com a vida, influenciando novas práticas a nossos fornecedores, funcionários e casas. Temos um compromisso com a vida humana, com a população vulnerável e com a cadeia corporativa que nos fornece. Meus parabéns a toda a equipe envolvida neste projeto”, afirmou ele.

Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/

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