Pesquisas da Fiergs e do IBGE divulgadas nesta semana mostram resultados positivos do setor em janeiro
A indústria começou 2022 com bons números no Rio Grande do Sul. A produção industrial no Estado cresceu 0,8% em janeiro ante o mês anterior. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados na manhã desta terça-feira (15). Dos 15 locais pesquisados, o Estado está entre os cinco que apresentaram variação positiva no período. Em relação a janeiro de 2021, houve retração de 6,3% no indicador. Já em 12 meses, a indústria acumula alta de 7,5%, conforme a pesquisa. O IBGE apura a produção física do setor.
Também nesta semana, levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) apontou avanço da indústria gaúcha no primeiro mês do ano. O Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS) cresceu 2,2% em janeiro de 2022, na comparação com dezembro de 2021. O avanço ocorre após recuo em dezembro e é o sétimo resultado positivo nos últimos oito meses (veja mais abaixo).
O índice, que é obtido por meio das variáveis faturamento, compras, horas trabalhadas, massa salarial, utilização da capacidade instalada e emprego, atingiu o maior nível da série desde outubro de 2014 e está 11% acima do pré-pandemia. Aquecimento da produção ainda na esteira de 2021 é um dos principais fatores que explicam a boa performance da indústria, segundo especialistas.
O economista-chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes, afirma que a boa largada ocorre nesse ambiente de continuidade dos bons números observados em 2021. O especialista destaca a participação de alguns segmentos nesse movimento:
— A gente teve um crescimento puxado pelas horas trabalhadas na produção, principalmente nos setores de máquinas e equipamentos, tabaco e veículos automotores. Segmentos bastante importantes para a indústria do Rio Grande do Sul e que conseguiram apresentar desempenho positivo no período.
Dentro do IDI-RS de janeiro, o indicador de compras industriais (+6,2%) também teve destaque. O economista-chefe da Fiergs afirma que a garantia de estoque maior por parte das empresas pode ocorrer diante de expectativa de crescimento ou de incerteza sobre as cadeias de suprimentos e matéria-prima.
A economista Maria Carolina Gullo, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), afirma que o resultado de janeiro ainda carrega parte do bom desempenho da agricultura no ano passado. Esse fator impactou em alguns segmentos, como o de máquinas e equipamentos, segundo a professora.
— Um pedaço de 2022 ainda vai colher esses frutos do ano passado. Isso em função dos pedidos que já haviam sido feitos. As indústrias investiram no ano passado — afirmou a economista.
Próximos meses
O economista-chefe da Fiergs destaca que o recuo no dado da produção industrial do IBGE em janeiro de 2022, na comparação com o mesmo mês de 2021, é um termômetro para o setor neste ano.
— Essa queda interanual já vem acontecendo há algum tempo. E ela vem corroborar com a ideia de que vamos ter uma economia crescendo bem menos do que no ano passado — estima.
Nunes também avalia que a guerra da Ucrânia pode desacelerar a trajetória de crescimento nos próximos meses, com o conflito afetando as cadeias de suprimentos, com risco de escassez ou aumento de preço.
A professora e economista Maria Carolina Gullo afirma que, além do conflito no leste europeu, a estiagem que castiga o Estado gera incerteza para o desempenho do setor nos próximos meses.
— Provavelmente, todo o setor que tem aderência, uma relação direta com o agronegócio, não vai ter lá na frente o mesmo desempenho que teve em 2021. Isso vai repercutir negativamente — pontua Maria Carolina.
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/
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