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Golpistas usam perfis falsos nas redes sociais para extorquir dinheiro de vítimas no RS

Criminosos se passam por mulheres para trocar mensagens íntimas e depois, fingem serem policiais para fazer ameaças. Já foram contabilizados 243 casos em todo o país. Estado é o terceiro em número de vítimas no ‘Golpe dos Nudes’.


Celulares, chips e R$ 5.591 são apreendidos na Penitenciária Estadual de Charqueadas — Foto: Susepe/Divulgação

A Polícia Civil investiga o uso de perfis falsos nas redes sociais para aplicar o chamado ‘golpe dos nudes’. Com o objetivo de extorquir dinheiro de vítimas, criminosos se passam por mulheres, iniciam conversas, trocam fotos e simulam a troca de mensagens eróticas. A reportagem foi ao ar neste domingo (22), no programa Fantástico.

A ONG Safernet, especializada em segurança na internet, já contabilizou 243 casos em todo o país nos primeiros meses deste ano. O Rio Grande do Sul é o terceiro estado em número de vítimas.

Os golpistas se passam por delegados e alegam a existência de uma suposta investigação por pedofilia, para praticar a extorsão.

O crime conhecido como ‘sextorsão’ se define como a ameaça de se divulgar imagens íntimas para forçar alguém a fazer algo – ou por vingança, ou humilhação ou para extorsão financeira.

Um empresário brasileiro que vive em Roma, na Itália, entrou em contato com a reportagem da RBS TV alegando estar sendo procurado por um delegado gaúcho após ter conhecido uma mulher, pela internet.

“No Facebook dela existiam fotos. Belíssima, muito elegante. Pela conversa, me mostrava ser adulta”, lembra o empresário.

Mesmo que não tenha enviado fotos eróticas, o homem afirma que passou a ser extorquido, primeiro por um suposto tio, depois, por um delegado que seria de Lajeado, no Vale do Taquari.

Para se fazer passar pelo policial, o suspeito criou uma conta no WhatsApp usando uma foto retirada da internet do delegado José Romaci Reis.

“Eu fiquei surpreso. Porque, na verdade, gente nunca espera que vá acontecer com a gente. Que alguém ia pegar minha foto e usar pra cometer golpes. Eu achei muito estranho, até porque é muita ousadia de um indivíduo querer dar golpe usando fotos e nomes de outras pessoas”, conta o delegado.

Um caminhoneiros de Osório, no Litoral Norte, passou a receber mensagens, de um suposto delegado de São Leopoldo, após adicionar uma jovem em uma rede social. Ele contou que o falso policial dizia que a mulher, que seria menor de idade, estava se queixando para parentes da relação.

“Senti pânico. Na hora a gente chega até a pensar em pagar, até por uma coisa que a gente não fez. Mas, olha, tem que parar, pensar. Porque se começar a pagar, pagar, pagar, quando tu vê…”, diz o caminhoneiro.

Para dar ainda mais realidade ao golpe, até um boletim de ocorrência forjado foi entregue à vítima. Ele resolveu não pagar os R$ 3 mil pedidos e tomou a iniciativa de procurar o policial. Descobriu, então, ser vítima de uma farsa.

“Embora haja um logotipo da Polícia Civil do Rio Grande do Sul fora do padrão, para o leigo que recebe um documento desse é mais um elemento de convicção de que aquilo procede e a pessoa está sendo vítima mesmo, que está sendo procurada pelas autoridades, e sendo vítima de uma extorsão”, explica o delegado Eduardo Hartz.

Diferente dos casos no Rio Grande do Sul, um funcionário público de Santa Catarina chegou a depositar R$ 5 mil reais em uma conta indicada por golpista que alegava ser um policial gaúcho que investiga esquema de pedofilia.

“Eu fiz o primeiro [depósito] de R$2 mil. E ele me deu mais dois dias para arrumar mais R$3 mil”, lembra a vítima.

Com base nos dados das contas bancárias enviadas pelos golpistas ao funcionário público, a investigação identificou dois presos da Penitenciária Estadual de Charqueadas, onde a Superintendência dos Serviços Penitenciários do Rio Grande do Sul (Susepe) apreendeu três celulares e dinheiro.

A Delegacia de Repressão aos Crimes informáticos de Porto Alegre, que investiga diversos casos, diz que as vítimas devem procurar as autoridades e nunca realizar os pagamentos.

Para a psicóloga e diretora da ONG Safernet, Juliana Cunha, a exposição a este tipo de situação gera constrangimento e até quadros de ansiedade, o que faz com que muitas vítimas cedam às ameaças.

“É um tipo de impacto que ninguém quer que a família saiba ou que isso chegue no trabalho. Então claro que todo mundo fica receoso e preocupado com isso”, afirma.

Fonte: G1

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