Análise da Secretaria da Agricultura indica que condições climáticas foram favoráveis ao bem-estar calórico dos animais

A média sobre o total de horas avaliado em conforto térmico para o gado leiteiro, expressa em percentual, atingiu 92,5% | Foto: Fernando Dias / Seapi / CP
Diferentemente do que ocorreu no verão 2023/2024, os rebanhos da bovinicultura de leite do Rio Grande do Sul não sofreram com desconforto térmico nos meses do inverno deste ano. A condição climática da estação causou algum incômodo aos animais somente nas regiões do Vale do Uruguai, Baixo Vale do Uruguai e Depressão Central, e, ainda assim, em baixos percentuais.
Os resultados das análises de dados do inverno foram publicados no Comunicado Agrometereológico 75 – Especial Biometeorológico Inverno 2024, editado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação.
“Em grande parte do inverno de 2024, os registros de temperatura média e de umidade relativa do ar, não indicaram situações de estresse térmico calórico para vacas leiteiras, com a média do total de horas avaliado em conforto térmico, expressa em percentual, igual a 92,5%”, diz o comunicado.
A análise contempla as condições meteorológicas ocorridas no período, como precipitação pluvial, temperatura e umidade do ar. Utilizando o Índice de Temperatura e Umidade, a publicação documenta e identifica as faixas de conforto/desconforto térmico às quais os animais foram submetidos, estimando os efeitos na produção de leite.
Resultado nas regiões
Em Vacaria, localizado na região da Serra do Nordeste, situações de estresse térmico não foram registradas no mês de junho e julho. Em agosto, foram mais de 95% do total de horas em conforto. Passo Fundo (Planalto Médio), Caçapava do Sul (Serra do Sudeste), além de Bento Gonçalves (Serra do Nordeste) e Teutônia (Encosta Inferior da Serra), também não registraram condição de desconforto térmico durante o mês de julho. Nas demais regiões, o percentual de horas sem estresse térmico ficou acima dos 90%.
Porto Vera Cruz, no Vale do Uruguai, foi o município em que foram registrados os maiores percentuais de desconforto da estação, incluindo situações de estresse térmico leve a moderado (média de 16%).
“Foi também o único com a ocorrência de uma situação severa de estresse, mas em um percentual muito baixo de horas, 1,3% em junho e 3,2% em agosto”, contabiliza a pesquisadora Ivonete Tazzo, uma das autoras do comunicado.
Situações emergenciais não ocorreram em nenhum dos municípios avaliados.
Queda de produção
Estimativas potenciais de queda de produção diária de leite devido às condições meteorológicas ocorridas no inverno de 2024 foram mais elevadas em vacas de maior produtividade. “As maiores estimativas de declínio de produção diária de leite variaram de 16 a 18,5%, para o município de Porto Vera Cruz, durante o mês de agosto, caso medidas não fossem adotadas para mitigar os efeitos do ambiente sobre o desempenho dos animais”, destaca Ivonete.
A ocorrência de fatores como chuvas, geadas e pouca incidência de radiação solar global podem interferir na alimentação dos animais. “São fatores que trazem impactos às pastagens nativas e cultivadas, ou à produção e ao armazenamento de silagem e de feno, afetando a saúde e o desempenho dos animais”, explica a pesquisadora.
A publicação é uma iniciativa do Grupo de Estudos em Biometeorologia, constituído por pesquisadores e bolsistas das áreas da Agrometeorologia e Produção Animal. O Comunicado Agrometeorológico Especial – Biometeorológico tem publicação trimestral e está disponível aqui.
Comments Closed