
Com esperanças mais uma vez nas mãos do clima, o Rio Grande do Sul espera colher uma safra de recuperação na temporada 2025/2026. Conforme estimativa da Emater apresentada nesta terça-feira (2) na Expointer, em Esteio, a produção gaúcha no próximo verão deve passar de 35 milhões de toneladas, alta de 27,3% em relação ao último ciclo, que foi de quebra por causa da falta de chuva.
Na soja, principal cultivo da agricultura gaúcha, a produção estimada aponta para 21,4 milhões de toneladas colhidas. Se confirmado o cenário, indicará uma produção 57,1% superior à última colheita, que teve quebra de 27% no Estado.
As boas novas vêm dos prognósticos do clima. A previsão analisada pelo Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS) indica menor probabilidade de ocorrência de La Niña no último trimestre do ano. O fenômeno tem como efeito reduzir a condição de chuvas no Estado. A tendência até aqui, portanto, não antecipa sobressaltos aos agricultores, conforme Flávio Varone, meteorologista do Simagro.
Um outro destaque positivo vem do milho. Na cultura, que é importante para a diversificação da safra de verão, a estimativa aponta para um crescimento de quase 10% em área plantada, o que resultaria em uma produção de 5,7 milhões de toneladas. A região Noroeste, puxada por Santa Rosa, lidera no plantio.
Diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera avalia as projeções como “importantes”, dado os últimos ciclos de perda por seca ou enchente que afetaram a produção.
Se confirmadas as condições climáticas, são números que colocam o Rio Grande do Sul numa posição de colher uma boa safra.
CLAUDINEI BALDISSERA
Diretor técnico da Emater
No arroz, a área plantada deve ser 5,17% menor na próxima temporada. O movimento acompanha a menor intenção do produtor em plantar o cereal diante da queda acentuada nas cotações de preço do produto agrícola. A produção estimada é de 8 milhões de toneladas, menor em 8% em relação ao ano passado.
A atenção da temporada também se volta ao sorgo, que passou a ser mensurado pela Emater como uma cultura que assume posição importante na agricultura gaúcha. Serão mais de 11 mil hectares dedicados ao cereal na próxima safra
— É uma cultura que se apresenta importante na safra de verão — diz o diretor técnico.
Crédito preocupa
Além da atenção ao clima, tanto o crédito quanto o seguro das lavouras serão pontos de alerta para agricultores na próxima temporada. O diretor técnico da Emater diz que a relação entre área plantada e área custeada está entre as mais baixas já observadas.
Responsável pela área de crédito rural da Emater, Célio Colle menciona o juro alto, que também faz ter menor procura nos financiamentos por parte dos produtores.
A previsão do clima é um bom alento. Mas precisamos de colheita. Precisamos de grão. Só com isso o agricultor terá algum respiro para conseguir comercializar.
CÉLIO COLLE
Responsável pela área de crédito rural da Emater
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