
Uma praga devastadora, o “bicudo-vermelho” (Rhynchophorus ferrugineus), está se espalhando rapidamente pelo Uruguai, ameaçando as palmeiras centenárias do país. O pequeno besouro, que tem se proliferado em meio ao aumento das temperaturas, foi detectado pela primeira vez em 2022 e já atinge oito dos 19 departamentos uruguaios. A situação é considerada “incontrolável” por especialistas, o que tem levado o governo a retirar milhares de palmeiras em uma corrida contra o tempo para evitar uma catástrofe.
A agrônoma Carola Negrone, que identificou o besouro, explica que a praga é nativa da Ásia e ataca as palmeiras na fase de larva, tornando-se particularmente perigosa por ser “gregária”. O avanço do inseto já é visível em locais emblemáticos, como o calçadão da Rambla, em Montevidéu, onde várias palmeiras têm suas copas trocadas do verde para o marrom, sinal de morte iminente.
O risco para o Brasil e a Argentina
O “bicudo-vermelho” ataca principalmente a espécie Phoenix canariensis, mas já demonstrou que pode afetar espécies nativas, como as butiáceas e pindó. A ameaça se estende além das fronteiras do Uruguai, com o Brasil e a Argentina em “alerta máximo”. A praga ainda não foi oficialmente registrada em seus territórios, mas as autoridades de ambos os países monitoram de perto a situação.
No Uruguai, as autoridades de Rocha proibiram a entrada de palmeiras para proteger o Palmares de Rocha, um ecossistema único e Patrimônio da Unesco, da Bañados del Este.
Combate à praga é caro
O combate à praga é complexo e oneroso. Segundo especialistas, não há uma única solução, e o uso de “endoterapia” — a injeção de produtos fitossanitários nas árvores — tem sido a principal ferramenta, com um custo anual de cerca de US$ 118 por palmeira.
No entanto, o tratamento não é suficiente. Um comitê nacional está elaborando um protocolo para o manejo da praga, mas, por enquanto, a maioria das ações é individual ou de iniciativa privada. A população está dividida: enquanto alguns acreditam que a praga será controlada, outros, como o aposentado Luciano García, temem que as próximas gerações “vão ter que se acostumar com o fato de que não teremos palmeiras”.
As Ilhas Canárias, na Espanha, são citadas como um exemplo de sucesso no controle da praga, o que acende uma esperança para o Uruguai.
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