Agricultores estão “tirando o pé” da cultura frente a custos de implantação e preços pegos pelo cereal

Lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, como em Horizontina | Foto: Sadi Schmitd / Emater/RS-Ascar Divulgação / CP
Com a safra de milho em plena implantação, a Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS) tem preocupações pela estagnação da cultura e a redução da área plantada nesta safra. No ciclo 2024/2025, a área estimada pela Emater/RS-Ascar é de 748 mil hectares, redução de 7,5% em relação aos 809 mil hectares da temporada passada. No campo, os agricultores estão “tirando o pé” da cultura, ante os riscos gerados por altos custos para a semeadura, dificuldades de acessar crédito, baixa valorização do grão e fatores climáticos.
“O produtor está muito reticente porque não tem uma perspectiva de preços bons para a venda desse milho mais tarde. O risco continua sendo muito grande, com previsão climática não dando uma ideia de estabilidade climática, pelo contrário. As informações são desencontradas, e isso tudo fez com que o produtor tire o pé da cultura”, avalia o presidente da Apromilho-RS, Ricardo Meneghetti.
Conforme o dirigente, há inquietação no campo também por dificuldades de acesso ao crédito agrícola, juros altos e o cenário econômico nacional. “A preocupação com a economia está muito grande, e as indefinições política e econômica do país também estão influenciando na decisão do produtor”, destaca.
Meneghetti acredita que a área de milho no Estado pode crescer dentro de dois ou três anos se houver melhora na conjuntura brasileira. Para a Apromilho-RS, na melhor das hipóteses a cultura deverá chegar a cerca de 800 mil hectares nesta safra, pouco acima do projetado pela Emater/RS-Ascar. A entidade salienta que o segmento está na entressafra e encontra cotações estagnadas. “Está havendo uma segurada nas exportações, ficando muito milho no mercado interno, o que não mexe nos preços e não incentiva o produtor a plantar”, salienta.
Cigarrinha
Até o momento, diferentemente da safra passada, as questões fitossanitárias nos plantios são menos preocupantes.
“O milho está em pleno desenvolvimento vegetativo, sem intercorrências e sem pressão de cigarrinhas, que está praticamente ausente nas lavouras”, diz o pesquisador responsável pelo setor de entomologia da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL), Glauber Renato Stürmer.
Meneghetti confirma que a incidência da praga é baixa. “Mas não podemos baixar a guarda, porque ela faz um estrago grande e isso motivou também o produtor a diminuir a área ou não plantar milho este ano”, pontua. Por outro lado, os agricultores estão percebendo a presença de percevejos, que também causam estragos na fase inicial de desenvolvimento das plantas.
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