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Brasil revela em carta indignação por tarifas de 50% e espera por diálogo com os EUA

Foto: Evaristo Sa / AFP

Sete dias depois da imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, feita pelos Estados Unidos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nesta quarta-feira uma carta abordando o tema e ressaltando cinco pontos de interesse do Brasil. Na manifestação, a administração brasileira revela indignação pelas taxas e disse que vê a parceria entre os dois países sendo colocada em risco. No entanto, o espaço para diálogo foi aberto por parte das autoridades brasileiras.

“O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas”, diz a carta.

Outro ponto colocado pelo Brasil são os números fornecidos pelos próprios Estados Unidos, que indicam a existência de um déficit comercial superior a 400 bilhões de dólares. “Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano”.

Na mesma carta, o governo brasileiro coloca-se à disposição para negociar uma eventual insatisfação da administração de Donald Trump com a relação comercial. “Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas”, coloca.

Além de aguardar por uma resposta dos norte-americanos, o governo brasileiro reiterou na carta que está pronto para dialogar sobre o tema. A intenção é preservar e aprofundar um relacionamento de longa data entre Estados Unidos e Brasil. “Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.”

O tarifaço

A partir do “tarifaço” dos Estados Unidos, motivado pela insatisfação de Trump com o processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro referente à tentativa de golpe de Estado, o Brasil respondeu com a possibilidade de ativar a medida de reciprocidade.

Nos dias seguintes ao anúncio, o presidente Lula criticou o colega norte-americano e condenou a intromissão no sistema judicial brasileiro. “Com todo o respeito presidente Trump, o senhor está mal informado. Eu é que deveria taxar ele”, disse ainda na semana passada. “Eu respeito todo mundo. Eu respeito banqueiro e bancário, eu respeito vereador e presidentes. Eu sempre me dei bem com todo mundo. A relação humana é química, tem que sentir o bater do coração. Eu fiz isso com Obama, eu fiz com o Bush, eu fiz com o Clinton, com o Chirac, Sarkozy”, acrescentou ao citar líderes com quem conviveu na vida pública.

Nesta quarta-feira, o ministro da Indústria, Geraldo Alckmin; e os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP); e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB); divulgaram um vídeo conjunto em que defendem a atuação conjunta entre governo e Congresso na reversão das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.

“Quero registrar ao presidente Geraldo Alckmin e também ao presidente Lula que o Parlamento brasileiro está unido em torno da defesa dos interesses nacionais”, disse Alcolumbre no início do vídeo.

Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/

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