
Durante o inverno, as baixas temperaturas afetam hábitos simples do dia a dia dos gaúchos: o banho se torna mais quente e o consumo de água tende a diminuir de forma quase inconsciente. Entretanto, essas ações têm reflexos negativos na pele, no cabelo e na saúde em geral.
Ao regular a temperatura do chuveiro para a mais quente possível, por exemplo, condições como dermatite atópica, psoríase e rosácea podem se intensificar. O couro cabeludo também fica mais irritado, agravando a dermatite seborreica ou caspa.
— Água quente remove a camada de proteção natural da pele e a barreira lipídica natural dos fios, favorecendo o ressecamento e a descamação. Condições como dermatite atópica, com essa barreira alterada, pioram mais ainda — explica a médica dermatologista Giovana Binda.
Mas, conforme a especialista, é possível contornar o problema e se manter aquecido com algumas estratégias, como optar por água morna e banhos mais rápidos. Já para os cabelos, apostar no xampu a seco para prolongar o intervalo entre as lavagens e auxiliar no controle da oleosidade, e lavar o cabelo na pia com água morna são alternativas.
O que não pode é ficar dias seguidos sem tomar banho. Mesmo no frio, é preciso manter uma rotina regular de higiene, afirma Giovana:
— Tomar banho com menor frequência no frio é compreensível, mas é preciso equilíbrio. Ficar muitos dias sem banho pode favorecer o acúmulo de microrganismos, odores e até infecções de pele. Banhos mais curtos e em horários mais quentes do dia ajudam a tornar essa prática mais confortável.
Como cuidar da pele e dos fios no frio?
No caso de danos perceptíveis, a recuperação e proteção da pele e dos cabelos exige cuidados constantes.
— Hidratar a pele é essencial e o melhor momento para isso é logo após o banho. Hidratantes ricos em ingredientes como ureia, ceramidas, ácido hialurônico e pantenol podem ser boas opções — recomenda a dermatologista.
Já para os fios, a especialista indica máscaras com óleos vegetais como argan e coco, e aminoácidos. O óleo capilar também pode ajudar a selar as pontas e reduzir o frizz.
Giovana também faz um alerta para outras fontes de calor excessivo, como o secador, que podem ferver os fios e originar bolhas:
— Quando usar secador, deixar o cabelo secar um pouco naturalmente antes. Cabelo molhado demais em contato com fonte de calor literalmente ferve e pode formar “bubble hair” ou bolhas no fio, deixando ele mais frágil.
O ideal nesses casos é manter o secador de cabelo a uma distância de pelo menos 15cm e sempre usar um bom protetor térmico.
A médica também destaca a necessidade de proteger as extremidades do corpo, como os lábios e as mãos, que ressecam com frequência nessa época do ano. A dica é procurar hidratantes específicos para essas áreas, inclusive com fator de proteção solar, e evitar o hábito de lamber os lábios.
E a proteção solar se mantém obrigatória mesmo nos dias nublados de inverno. Os raios ultravioletas continuam ativos e podem causar danos cumulativos à pele, especialmente em áreas expostas como rosto, mãos e pescoço.
— Aposte no básico bem-feito, uma rotina simplificada com uma limpeza suave, hidratação potente e proteção solar. Isso já cobre os pilares essenciais da saúde cutânea — finaliza a dermatologista.
Hidratação de dentro para fora
Tomar água e manter a hidratação é outro hábito cotidiano que acaba prejudicado pelo frio. A queda no consumo de água afeta negativamente o corpo, que mesmo no frio precisa de líquidos para manter o bom funcionamento.
A médica pontua que a menor hidratação pode contribuir para cansaço, dores de cabeça, constipação, redução da disposição física e mental. Além disso, a ingestão adequada de água é importante para complementar a hidratação cutânea.
— Chás naturais e outras bebidas quentes, sem açúcar, podem ser alternativas para estimular a ingestão de líquidos, mas não substituem a água. Chás e chimarrão contêm cafeína e compostos diuréticos que reduzem o benefício da hidratação. Distribuir o consumo ao longo do dia e usar aplicativos de lembrete pode ajudar quem esquece de beber água — complementa Giovana.
A médica ainda enfatiza um último ponto: nem sempre medidas simples serão suficientes para todas as pessoas. Ao notar irritações persistentes, coceiras, vermelhidão ou piora de alguma condição pré-existente, é fundamental buscar acompanhamento especializado.
Cada pele é única e o inverno exige cuidados personalizados para garantir conforto e saúde ao longo da estação.
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