Quem nunca sentiu uma mudança instantânea de humor ao vestir uma roupa que parecia “a sua cara”? Um salto no jeito de andar, um sorriso diferente diante do espelho, uma confiança que nem sempre esteve ali. A verdade é que o look certo tem um poder quase invisível: ele não resolve problemas, mas muda a forma como você os enfrenta.
A pesquisa recentemente lançada pela C&A com a Box1824 traz luz sobre algo que muitas mulheres já sabem na pele: moda é emoção. Mas mais do que reforçar slogans, esses dados levantam uma reflexão sobre como o vestir é parte da nossa construção de identidade.
Afinal, por que ainda insistimos em tratar moda como futilidade quando ela influencia a forma como nos apresentamos, como somos percebidas e até como nos sentimos seguras para tomar decisões importantes?
O impacto emocional do vestir é subestimado. No Brasil, país diverso, criativo e cheio de desigualdades, a roupa carrega significados profundos: é símbolo de pertencimento, status, expressão pessoal e, muitas vezes, resistência cultural. O “look perfeito” não é apenas estético; é político. É sobre dizer “eu existo, eu escolho, eu me vejo assim”.
Essa conversa vai muito além de uma campanha, fala sobre quantificar um sentimento. Fala sobre autoestima feminina em um mundo que, há séculos, dita como devemos nos vestir, mas raramente ouve como queremos nos sentir. Talvez esteja na hora de você encarar a moda não só como indústria, mas como linguagem. Porque toda escolha de roupa — seja o jeans básico no dia a dia corrido ou um vestido para um grande evento — é também uma escolha de narrativa.
E se há algo a aprender com essa pesquisa é que o ato de se vestir não é trivial: ele pode ser um ponto de virada. O espelho, quando devolve uma imagem na qual nos reconhecemos, tem o poder de fortalecer quem olha de volta. E isso não é vaidade; é autoestima, é sobrevivência, é liberdade.
Marina Käfer é formada em Design de Moda e pós-graduada em Comportamento do Consumidor e Moda, Mídia e Mercado. Já foi professora consultora de varejo em instituições como Senac e Sebrae. Tem especializações em styling, jornalismo de moda e visagismo, com experiência no mercado plus size.
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