Recentemente, acidentes ocorreram em Gramado, Cazaquistão e Coreia do Sul

Queda de aviões ocorre principalmente por conta de erros humanos | Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil / CP
Nas últimas semanas, diferentes acidentes aéreos chamaram a atenção. Em Gramado, dez pessoas morreram após a queda de uma aeronave. Outras tragédias aconteceram na Coreia do Sul e no Cazaquistão, deixando vários mortos.
Em Gramado, a Polícia Civil e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) investigam os motivos do avião ter caído. Recentemente, a tese de falta de combustível na aeronave foi descartada como causa do acidente.
Autoridades também analisam o que acarretou na tragédia da Coreia do Sul, que deixou 179 mortos. A apuração pode levar anos, e os peritos rejeitaram a hipótese do acidente ter sido motivado por um choque com pássaros.
Já em relação ao acidente do Cazaquistão, uma das possíveis causas é de que o avião tenha sido atingido por mísseis antiaéreos russos. As caixas-pretas do avião da Azerbaijan Airlines foram enviadas ao Brasil para análise.
De acordo com o comandante, especialista em segurança de voo e examinador de pilotos, Fabio Borille, a maioria das quedas de aviões comerciais é causada por algum erro humano, e não por questões estruturais das aeronaves.
“O transporte aéreo é o segundo modal mais seguro, perdendo apenas para o elevador. As aeronaves têm um nível de segurança bastante elevado. A engenharia delas é muito estudada, e elas são feitas com dois motores. Se um falhar no voo, o outro consegue manter o avião no ar”, destaca.
Tipos de erros humanos
Segundo o especialista, na queda de aviões por erros humanos, costuma haver uma série de elementos relacionados. O (a) piloto (a) pode ter dormido mal na noite passada, ter feito um treinamento inadequado, ou tomado decisões erradas no momento do voo, por exemplo.
Outro problema relacionado ao fator humano é a manutenção inadequada dos aviões. “Por vezes, a pessoa não segue o manual, mesmo estando tudo escrito como fazer”. Outro fator pode ser algum erro de projeto da aeronave, feito por um (a) projetista.
A má comunicação, distrações, trabalho em equipe ruim, além da falta de aptidão em trabalhar sob pressão também podem resultar em acidentes aéreos.
Com a pandemia, o setor de voos teve um forte revés, com muitas empresas tendo que paralisar suas operações. No retorno da atuação das companhias, há um contingente menor de profissionais, provocando maior fadiga dos funcionários. “As escalas são mais apertadas. As companhias tiveram que enxugar o quadro, e o pessoal está voando quase no limite das jornadas”, explica.
O período depois da pandemia também mudou o plano de carreira dos funcionários. Se antes os profissionais entravam para as empresas como copilotos, por exemplo, hoje as companhias muitas vezes já contrataram direto para o cargo de comandante.
Transporte aéreo segue sendo mais seguro que o terrestre
Ainda falando sobre segurança, conforme o especialista, há uma impressão negativa de boa parte da população sobre a segurança dos aviões porque quando ocorrem os acidentes, eles envolvem um número maior de vítimas.
Para Borille, no entanto, é importante saber que o transporte aéreo segue sendo mais seguro do que o por via terrestre, por exemplo. Diariamente há notícias sobre acidentes com carros, motos, caminhões, mas pela frequência, eles acabam sendo mais naturalizados. “A frota brasileira de aviões é uma das maiores, e os pilotos do país são um dos melhores do mundo”, pontua.
Atenção antes de embarque
De acordo com o especialista, antes de embarcar, a população precisa estar atenta se a empresa tem renome e é certificada para o serviço, sempre evitando voar por meio de opções clandestinas. “A regulação do sistema existe justamente para poder garantir a segurança do passageiro”, afirma.
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