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Produtores de cebola preveem nova redução de área de plantio

Impactado pelas adversidades climáticas de 2024, setor enfrenta aumento de custos, queda na produtividade e preços insatisfatórios na comercialização

Custos de produção ampliaram para R$ 35 mil por hectare e produtividade recuou para 30 toneladas por hectare | Foto: Fábio Corrêa Martins / Especial / CP

Seguindo uma tendência verificada desde o início dos anos 2010, produtores de cebola cogitam reduzir a área de cultivo da olerícola. A possibilidade foi confirmada pelo coordenador da Câmara Setorial da Cebola da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi/RS), Fábio Corrêa Martins, que não especificou o quanto poderá ser reduzida na safra 2025/2026.

“Estamos avaliando as consequências dos problemas ocasionados pelos baixos preços de comercialização, dos altos custos de produção e da redução de produtividade, devido às condições climáticas nesta safra. Pode haver uma tendência de redução de área para o próximo ciclo”, disse Fábio Martins, que também é engenheiro agrônomo da prefeitura de São José do Norte.

Conforme Martins, em 2024, a lavoura de cebola ocupou uma área de cerca de 4,5 mil hectares. O total corresponde a menos da metade dos 11,3 mil hectares destinados à cultura em 2011, de acordo com o Departamento de Economia e Estatística (DEE), da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão. Em 2023, foram 5.987 hectares. Em 2022, 6.222 hectares. Em 2021, 6.429 hectares.

Na avaliação da Câmara Setorial da Cebola, as adversidades climáticas enfrentadas pelos cebolicultores no decorrer de 2024 resultaram em aumento de cerca de 17% nos custos de produção, passando de R$ 30 mil para R$ 35 mil por hectare, ao mesmo tempo em que a produtividade média caiu 14%, de 35 toneladas por hectare para 30 toneladas por hectare. A safra foi impactada pelo excesso de chuvas e enchentes.

“A Lagoa dos Patos inundou a costa dos municípios de Mostardas, Tavares, São José do Norte, São Lourenço, Pelotas e Rio Grande, o que provocou a ressemeadura de vários campos”, diz Martins.

Além disso, a sequência de dias nublados e a redução da disponibilidade de oxigênio no solo em todo estado, atingindo também a zona produtiva da Serra Gaúcha, em municípios como Antônio Prado, Ipê, Nova Roma do Sul, Flores da Cunha e Caxias do Sul, agravaram a situação do setor.

“As condições climáticas adversas provocaram um aumento significativo nos custos de produção com maiores aplicações de insumos como adubos e defensivos químicos e biológicos”, explica o coordenador da Câmara.

Em contrapartida, Martins garante que a qualidade média das cebolas é boa, principalmente daquelas oriundas de cultivares de ciclo médio e tardio. O período de colheita encerra neste mês. A comercialização da safra ocorre até maio.

Na primeira semana de janeiro, mais de 60% da safra do Litoral havia sido comercializada, conforme Martins. O preço obtido pelos produtores, no entanto, ficou abaixo dos custos de produção, de acordo com o coordenador. Ele cita o valor praticado para o quilo da cebola vermelha caixa 3 (padrão de 5,5 a 7,5 milímetros de diâmetro), de R$ 1, inferior ao R$ 1,26 contabilizado como custo de produção.

O Rio Grande do Sul soma cerca de 3,3 mil produtores de cebola, distribuídos em 350 municípios. Dez municípios representam 80% da produção gaúcha, sendo São José do Norte o maior produtor, com 1.800 hectares de área plantada.

Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/

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