O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil desferiu um forte revés contra a facção criminosa do Vale do Rio dos Sinos ao apreender mais de R$ 10 milhões em drogas em um sítio na zona rural do município de Araricá. Houve o recolhimento de 96 quilos de crack, 94 quilos de cocaína e 66 quilos de maconha, além de cerca de R$ 20 mil em dinheiro.
A operação Reditus, sob comando do delegado Gabriel Borges, ocorreu nesse domingo, após dois meses de investigação. Uma prisão foi efetuada. O suspeito foi apontado como principal elemento de ligação com a liderança da organização criminosa.
“Essa droga chegou nos últimos dias”, calculou. A cocaína apreendida é de origem peruana e possui altíssimo grau de pureza. Ela poderia render até cinco vezes a quantidade para a venda. Por sua vez, a maconha é paraguaia. O crack, cuja apreensão foi considerada a maior da Polícia Civil, seria proveniente do território peruano ou paraguaio. Com a droga é possível a produção de quase meio milhão de pedras a serem comercializadas. Todo o Rio Grande do Sul seria abastecido pelos entorpecentes.
O trabalho investigativo apurou que, mesmo após a deflagração das operações Satus e Sonitus, a facção estava tentando se reorganizar no esquema de abastecimento de entorpecentes em larga escala no Rio Grande do Sul. A primeira ação foi deflagrada em janeiro deste ano em Novo Hamburgo, sendo apreendidos 330 quilos de maconha, 66 quilos de cocaína, 2 dois quilos de crack e R$ 80 mil em dinheiro. Já a segunda ação ocorreu em março também em Novo Hamburgo, com o recolhimento de 57 quilos de crack, 90 quilos de cocaína e R$ 240 mil em dinheiro.
Para o delegado Gabriel Borges, a facção mudou a forma de atuação, utilizando áreas rurais para armazenamento das grandes quantidades de entorpecentes. Os agentes localizaram um sítio suspeito em Araricá. Um indivíduo que comparecia com frequência na propriedade foi então identificado e monitorado.
Nesse domingo, os policiais civis avistaram ele saindo do sítio em um veículo. Na abordagem, a equipe do Denarc encontrou 3 quilos de cocaína e os valores. Em seguida, em um galpão situado no final da propriedade, os agentes descobriram os entorpecentes escondidos em tonéis. Munições, telefones celulares, embalagens e balanças para pesagem da droga foram igualmente apreendidos.
“A ação quebrou a logística e afetou de forma muito significativa as finanças do crime organizado”, avaliou o delegado Gabriel Borges. “Esta ação atacou o núcleo, o coração desse grupo em razão dessa grande apreensão”, resumiu, assegurando que a investigação terá continuidade, visando a responsabilização “do dono dessa droga”, a descapitalização da organização criminosa por meio da “asfixia financeira” e a retirada do patrimônio oriundo da lavagem de dinheiro do narcotráfico.
“Aqui vai uma resposta firme a esse grupo, uma resposta contundente da segurança pública”, resumiu o secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron. “O narcotráfico é o crime mãe. É dele que vem a maioria dos outros crimes violentos, como homicídios e roubos”, acrescentou. “Outras ações virão”, assegurou. “A Polícia civil está atenta e firme, está trabalhando intensamente não só na investigação dos crimes de droga, por meio do Denarc, mas também enfrentando esses grupos criminosos”, complementou o Chefe de Polícia Civil, delegado Fernando Sodré.
“É um duro golpe no tráfico de drogas”, enfatizou o diretor geral do Denarc, delegado Carlos Wendt. “Nós temos agora todo um trabalho pela frente para responsabilizar outras pessoas envolvidas e principalmente o foco no patrimônio”, adiantou.
Ele observou que o Denarc já aprendeu, no primeiro trimestre de 2023, cerca de 300 quilos de cocaína, aproximadamente 200 quilos de crack, em torno de 1,7 tonelada de maconha e mais de 30 mil comprimidos de ecstasy. “Nós estimamos um valor de R$ 25 milhões de prejuízo às facções somente nesses três primeiros meses do ano.
O diretor de investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, ressaltou a equipe “extremamente qualificada” que compõe o órgão policial. “Nós temos material humano e nós temos condições e ferramentas investigativas que permitem um verdadeiro combate às organizações criminosas. Nós temos condições de enfrentar e realmente vencer o crime organizado”, frisou.
Fonte: correiodopovo.com.br
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