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Colheita da soja alcança 3% das lavouras do RS

Foto: Adriane Bertoglio Rodrigues na região de Coronel Bicaco

As chuvas ocorridas entre os dias 21 e 25 de fevereiro repuseram de forma parcial a umidade nos solos e beneficiaram as lavouras de soja que estão em floração (18%) e formação de grãos (56%), fases de alta demanda de água pela cultura. Nas localidades onde as precipitações foram em menor volume, as lavouras ainda continuam apresentando queda de folhas, amarelecimento das plantas e baixo número de vagens e grãos. De acordo com o Informativo Conjuntural elaborado pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), as lavouras em maturação representam 20% da área cultivada, e mesmo com as chuvas não apresentaram sinais de recuperação e têm perda consolidada na produtividade. As lavouras em final de maturação apresentam vagens e grãos em diferentes tamanhos, dificultando a colheita, que alcança 3%, apresentando produtividade muito baixa e variável, dependendo das condições do tempo e solos de implantação.

As condições fitossanitárias das lavouras de soja continuam satisfatórias, com exceção de algumas áreas que ainda apresentam incidência de ácaros e trípes, bem como infestação com buva e caruru, situação que preocupa tanto pela redução no potencial produtivo pela competição, quanto pelo risco elevado de aumento das invasoras na próxima safra.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a oleaginosa sofreu intenso estresse após mais uma sequência de dias com temperaturas máximas acima de 40°C. A expectativa de perdas permanece elevada em municípios em que a cultura está em estágio mais avançado do ciclo, como Rosário do Sul, com perdas estimadas em 65%; São Borja, 74%; Alegrete, 77%; Itacurubi, 78%, e Manoel Viana, com 79%. Na Campanha, é grande a diferença de potencial produtivo entre lavouras no mesmo município, pela distribuição irregular das chuvas durante todo o ciclo de desenvolvimento. São observadas áreas com potencial produtivo superior a três mil quilos por hectare e áreas com mortalidade significativa de plantas, pela falta de umidade, especialmente ao longo de fevereiro.

Na região de Santa Maria, 72% das lavouras de soja estão em florescimento e enchimento de grão, 20% em maturação e 4% das lavouras colhidas. As perdas de produtividade deverão superar 60%, com colheita estimada de 1.200 quilos por hectare. Já na de Santa Rosa, foi colhido 1%. A maturação foi acelerada em função das altas temperaturas e tempo seco e alcançam 13%. Essas lavouras têm porte reduzido e baixa emissão de ramificações laterais. As chuvas ocorridas ainda são insuficientes, mas proporcionam melhor desenvolvimento em cultivos do tarde na Fronteira Noroeste. Contudo as perdas já estão consolidadas e a expectativa atual de produtividade é 650 quilos por hectare.

Programa Monitora Ferrugem RS

A ocorrência de esporos da ferrugem asiática da soja tem aumentado nas últimas semanas. Nesta semana de monitoramento (resultados compilados de 22/02 a 01/03/22) se identificou grande número de esporos nos coletores de Santa Rosa, São Luiz Gonzaga, Cerro Largo, Jóia e Santa Bárbara do Sul e presença de esporos, mesmo em pequenas quantidades, em quase todo o território gaúcho. Assim recomenda-se aos técnicos e aos produtores observância das condições climáticas para o manejo da ferrugem.

Milho – As precipitações ocorridas de forma mais geral no Estado apresentaram reflexos positivos para 4% das lavouras de milho que estão em desenvolvimento vegetativo, 4% em floração e 15% enchimento de grãos. As em maturação foram pouco afetadas pela reposição de umidade, devido ao avançado estado fisiológico. A colheita foi realizada em 60% dos cultivos e os resultados obtidos consolidam a perda de produtividade. A expectativa é de redução de 53% na produtividade inicialmente estimada.

Na região de Frederico Westphalen, 4% das lavoras de milho estão em germinação e desenvolvimento vegetativo, 1% em floração, 1% em enchimento de grãos, 8% em maturação e 86% foram colhidas. As lavouras colhidas confirmam perdas que ultrapassam 60% na produtividade. Na de Soledade, foi colhido 55% da produção. As lavouras com implantação tardia em sucessão a tabaco, feijão e milho safra silagem apresentam bom desenvolvimento em função da recorrência de chuvas nas últimas semanas. Nessas lavouras foi finalizado o controle de plantas invasoras em pós-emergência e foram realizadas adubações em cobertura.

Milho silagem – As precipitações beneficiaram lavouras entre as fases de desenvolvimento vegetativo e enchimento de grãos, que representam 21% do cultivo. A colheita ultrapassou 70% da área implantada e a redução de produtividade aproxima-se de 55%, com a produção de pouco mais de 16 mil kg/ha de massa verde a ser ensilada

Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, na região da Campanha, produtores continuaram utilizando parte das lavouras destinadas à produção de silagem para fornecimento direto aos animais, especialmente bovinos de leite. A ensilagem das lavouras está concluída apenas em Caçapava do Sul. Os principais municípios com cultivo do milho para silagem são Aceguá e Hulha Negra e o corte ainda está restrito às primeiras lavouras implantadas em outubro. Alguns produtores pretendem utilizar parte da produção para comercialização, com expectativa de grande demanda, devido à estiagem e pelo aumento de preços, acompanhando proporcionalmente os dos insumos. Na Fronteira Oeste, a colheita alcançou 55% da área cultivada, 10% está em maturação e 27% em enchimento dos grãos.

Arroz – A ocorrência de chuvas, até em volumes elevados, nas regiões de maior produção do cereal, irá contribuir para melhorar a disponibilidade de água, para lavouras que demandam maior volume de irrigação, entre as fases de desenvolvimento vegetativo a enchimento de grãos, que representam 44% do total. Complementarmente, com 41% das lavouras em fase de maturação, produtores remanejaram os recursos hídricos para talhões mais atrasados. A colheita alcançou 14% e a produtividade é variável, com lavouras dentro da expectativa e outras com perdas de até 18%.

Feijão 1ª safra –  A colheita alcançou 61% das lavouras. A maior parte das regiões produtoras já encerrou a primeira safra e semeou a subsequente. A exceção é a região de Caxias do Sul, que é a de maior produção e onde apenas 3% foi colhido. A produtividade média no RS apresenta perdas de 28%, com perdas de cerca de 50% nas regionais de Soledade, Erechim e Frederico Westphalen e de 65% na de Ijuí.

Feijão 2ª safra – Os plantios de segunda safra vêm ocorrendo normalmente, com a expectativa de um bom estabelecimento da cultura, condicionada pela melhora das condições ambientais, especialmente a recorrência de chuvas e diminuição das temperaturas máximas nas principais regiões produtoras.

Na regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, em decorrência da estiagem prolongada e da dificuldade de implantação de soja após a colheita de milho, parte dos agricultores optou pelo plantio da cultura de feijão segunda safra. Há expectativa que possa alcançar 10 mil hectares, em médios produtores, áreas mecanizáveis e com uso adequado de insumos. A projeção de rendimento é cerca de 1.500 quilos por hectare.

PASTAGENS E CRIAÇÕES

As precipitações propiciaram o retorno da umidade ao solo, possibilitando o rebrote das pastagens, tnatp cultivadas quanto nativas. Porém, em muitos locais, as pastagens não suportam o pastejo ainda. Nas regiões de solo raso, as áreas de campo nativo encontram-se secas e rapadas, sendo que apenas espécies invasoras, como o capim annoni, ainda apresentam coloração verde. O clima seco ainda está aumentando a incidência de pragas que normalmente ficam restritas as áreas de lavouras de grãos.

Na Bovinocultura de Corte e também na de Leite, mesmo com ocorrência de chuvas, as altas temperaturas continuam a causar estresse térmico aos animais, que acabam reduzindo a alimentação, o que é agravado pela falta de pastagens e de água de qualidade para dessedentação. Apesar de estar ocorrendo o período reprodutivo, os índices de prenhes seguem baixos, também influenciados pelos efeitos da estiagem na baixa oferta de volumosos. Na Bovinocultura de Leite, o custo de produção segue elevado, considerando a necessidade maior de suplementação com rações, milho, feno e silagem.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar

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