Governadores ignoram pedido de Bolsonaro e defendem manutenção do isolamento social

Foto: Ronado Caiado / Facebook / Divulgação / CP

Médico de formação, governador de Goiás disse que as decisões no estado serão tomadas por eles, “com base no trabalho de técnicos e especialistas”

Depois de reunião em videoconferência com o presidente Jair Bolsonaro para discutir medida de contenção à epidemia do novo coronavírus, governadores criticaram a postura do chefe do Executivo nacional. Médico de formação, Ronaldo Caiado, de Goiás, um dos principais apoiadores do presidente no DEM, afirmou que irá ignorar o pedido para que escolas sejam reabertas e para que pessoas voltem a trabalhar sem restrições de locomoção. “Com tranquilidade, mas com a autoridade de governador e de médico, eu afirmo que as declarações do presidente não alcançam o estado de Goiás. As decisões em Goiás serão tomadas por mim, com base no trabalho de técnicos e especialistas”, afirmou em coletiva de imprensa.

O governador apontou que acionará até mesmo o Supremo Tribunal Federal e o Congresso se for preciso. “Me é conferido pela Constituição o direito de legislar de forma concorrente com a União quando se trata de saúde pública”, declarou. “O que Bolsonaro disse não se estende ao estado de Goiás. Fui aliado de primeira hora durante todo o tempo, mas não posso admitir que venha agora, um presidente da República, lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas pelo colapso econômico e pela falência de empregos que amanhã venham a acontecer”, argumentou.

Ele também criticou a postura presidencial. “Dizer que isso é um resfriadinho, uma gripezinha? Ninguém definiu melhor que Obama: na política e na vida, a ignorância não é uma virtude”, afirmou, usando frase do ex-presidente dos Estados Unidos de 2016. “Agora também só falo com ele por meio de comunicados oficiais”, completou.

Caiado ainda disse que “um estadista tem que ter a coragem de assumir as dificuldades”. “Se existem falhas na economia, não tente responsabilizar outras pessoas. Assuma sua parcela”, comentou. O chefe do estado goiano, que é aliado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e contribuiu para a sua indicação, preferiu não se manifestar como acredita que o titular da pasta deva proceder. “Não cabe a mim opinar sobre a vida de outros líderes políticos”.

Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/